Fernando Diniz não fica no meio da tabela
Treinador foi demitido do Fluminense meses depois de conquistar o maior título da história do clube, e de ter passado efemeramente pela seleção brasileira
O Fluminense anunciou nesta segunda-feira, 24, a demissão do treinador Fernando Diniz (foto). A decisão foi tomada após a derrota de 1 a 0 para o Flamengo, numa partida em que o time rubro-negro merecia ter goleado, e a equipe tricolor não conseguiu acertar o gol adversário uma única vez.
É preciso destacar que o Fluminense sente muita falta do atacante Jhon Arias, que está com a seleção colombiana na Copa América, e, sobretudo, do volante André, que cumpre o papel ingrato — de todo time comandado por Diniz, diga-se — de correr por todos os outros colegas que não conseguem mais correr.
O Fluminense ocupa, no momento, a lanterna do Campeonato Brasileiro. Após 11 jogos, tem apenas seis pontos e saldo negativo de 9 gols. Há pouco mais de 7 meses, esse mesmo time era campeão da Libertadores da América. Mas com mais sorte do que juízo, arrancando uma vitória espírita do Internacional no fim do jogo na semifinal e enfrentando um dos piores Boca Juniors da história na decisão.
Tudo ou nada
Diniz é adepto de um futebol do tudo ou nada, de risco altíssimo. Seus comandados são instruídos a sufocar o adversário, com marcação alta, e a sair trocando passes desde sua própria área até chegar à meta oposta. Quando isso funciona, é lindo, apoteótico. Inspira e anima seus jogadores, que jogam mais até do que podem. Quando dá errado, o time vai parar na lanterna do campeonato.
A pontuação é um detalhe para Diniz, assim como a marcação de gols. O que importa é que ele se mantenha fiel a sua filosofia. Seu comportamento impetuoso é admirável e o levou inclusive a comandar a seleção brasileira por seis curtos meses, mas só faz sentido para um treinador que não enfrenta problemas para escalar o time. No Brasil, isso não existe, nem no poderoso Flamengo.
Tudo ou tudo
O português Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, é o exato oposto de Diniz. Seu time pode até jogar mal, mas o fará apenas na perspectiva de ganhar o jogo. Foi assim que o alviverde celebrou seu segundo título da Libertadores da América, contra o Santos, na temporada 2020, numa das piores finais da história do torneio.
Caso Abel não tivesse respeitado os limites do próprio time naquele ano, possivelmente não estaria treinando o Palmeiras até hoje. O português jogou o jogo que precisava jogar e contribuiu para a estabilização do clube. Diniz é do tipo de treinador que quer estar certo. Abel é do tipo de treinador que quer ganhar.
Ganhar ou ganhar
É por isso que a diretoria tricolor precisou demitir o treinador responsável pelo maior título do clube. O Fluminense precisa se adequar a sua realidade atual. Precisa ganhar partidas para sair da zona de rebaixamento, assim como o Corinthians e o Grêmio, entre outros gigantes que disputam um campeonato cheio de pequenos montados para ganhar — Cuiabá, Criciúma, Bragantino, Juventude.
O Fluminense não está mais em condições de disputar o título do Brasileirão. Precisa desesperadamente chegar ao meio da tabela. Fernando Diniz não fica no meio da tabela.
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