O número de sindicalizados não para de cair no Brasil
Segundo o IBGE, 8,4% dos 100,7 milhões de trabalhadores brasileiros estão vinculados a um sindicato, o menor patamar desde 2012
O número de trabalhadores sindicalizados no Brasil caiu de 9,1 milhões para 8,4 milhões em 2023, quantidade equivalente a 8,4% dos 100,7 milhões de ocupados associados a um sindicato no país, conforme publicou nesta sexta-feira, 21, o IBGE.
Com 713 mil pessoas sindicalizadas a menos em relação a 2022 (7,8%), o percentual de pessoas ligadas a um sindicato chegou novamente ao menor patamar da série histórica, iniciada em 2012, havia 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados (16,1%).
Depois de uma variação positiva em 2015, a sindicalização vem enfrentando sucessivas quedas, com destaque para 2016, quando houve retração também no número de ocupados.
“Entre 2012 e 2023, o percentual das pessoas associadas a sindicato dentro da população ocupada passou de 16,1% para 8,4%, uma queda de quase oito pontos percentuais (p.p.). Ao mesmo tempo, o nível de ocupação [percentual de pessoas ocupadas na população de 14 anos ou mais] caiu até 2017, no período em que o Brasil passou por uma crise econômica. A partir daí, o nível da ocupação voltou a se recuperar, mas a queda no percentual de sindicalizados se intensificou”, afirmou William Kratochwill, analista da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Como o IBGE explica o recuo de sindicalizados?
A coordenadora de PNAD Contínua do IBGE, Adriana Beringuy, atribuiu a queda da sindicalização à implementação da reforma trabalhista, em 2017, que tornou facultativa a contribuição sindical.
“Nos últimos anos, há cada vez mais trabalhadores inseridos na ocupação de forma independente, seja na informalidade ou até mesmo por meio de contratos flexíveis, intensificados pela reforma trabalhista de 2017. Além disso, atividades que tradicionalmente registram maior cobertura sindical, como a indústria, vêm retraindo sua participação total no conjunto de trabalhadores e, portanto, no contingente de sindicalizados”, disse a coordenadora.
Beringuy também ressaltou a queda da sindicalização na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais.
“Nessa atividade, tem sido crescente a participação de contratos temporários, principalmente no segmento da educação fundamental, provida pela administração municipal. Todos esses fatores, sejam os ligados às leis trabalhistas, à redução da ocupação na atividade industrial, nos serviços financeiros ou a mudanças nos arranjos contratuais do setor público, podem estar associados à queda da sindicalização dos trabalhadores”, afirmou.
Em relação a 2012, as maiores quedas na taxa de sindicalização foram nos grupamentos de transporte, armazenagem e correio, passando de 20,7% para 7,8%, seguidas por indústria geral, com recuo de 21,3% para 10,3%, e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que caiu de 24,5% para 14,4%.
Com informações de Agência IBGE
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