Antissemitismo movimenta eleições legislativas na França
para 92% dos judeus franceses, o partido de extrema-equerda, La France Insoumise (LFI), de Jean-Luc Mélenchon contribui para aumentar o antissemitismo
Quatro dias depois do estupro de uma menina judia de 12 anos, mais de mil manifestantes reuniram-se na noite de quarta-feira, 19 de junho, em frente à Câmara Municipal de Paris, para manifestar sua indignação com o cruel caso de antissemitismo ocorrido em Courbevoie e apoiar a mais jovem vítima do ódio contra os judeus, que cresce exponencialmente na França.
O antissemitismo é um dos temas que mobilizam a campanha para as eleições legislativas na França, que foram antecipadas após a dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Emmanuel Macron.
“Calvário”, “flagelo”, “horror”… No dia seguinte ao indiciamento de dois adolescentes por “estupro coletivo, ameaças de morte, insultos e violência antissemita” contra a menina de 12 anos em Courbevoie, as reações dos líderes políticos multiplicaram-se.
Este acontecimento colocou a questão do antissemitismo de volta ao centro dos debates no início da campanha legislativa, cerca de dez dias antes das eleições.
A vítima disse que foi chamada de “judia suja” e ameaçada de morte pelos seus agressores. Daí a decisão anunciada por Emmanuel Macron, no Conselho de Ministros de quarta-feira, 19 de junho, de que seja organizado nos próximos dias nas escolas “um momento de discussões” sobre racismo e antissemitismo.
O antissemitismo na extrema-esquerda
Uma pesquisa do Ifop, que analisa a percepção dos franceses judeus acerca da relação de partidos políticos com o antissemitismo, mostrou que para 92% dos judeus franceses, o partido de extrema-equerda, La France Insoumise (LFI), de Jean-Luc Mélenchon contribui para aumentar o antissemitismo.
Em 7 de outubro, dia do atentado terrorista do Hamas em Israel, o grupo de esquerda LFI-Nupes publicou um texto que justificava o ataque do Hamas como uma ofensiva armada das forças palestinas em resposta à intensificação da política de ocupação israelense nos territórios palestinos.
Atrás do La France Insoumise (LFI), 60% consideram que o partido ambientalista EELV também seria responsável pelo antissemitismo. O Rassemblement Nacional (RN), por outro lado, só aparece na terceira posição com 49%, o que mostra que há uma percepção cada vez mais clara do deslocamento do antissemitismo da direita para a esquerda.
Esses números ilustram a conclusão da “desdemonização” iniciada por Marine le Pen quando se tornou líder da Frente Nacional, mas também o reforço da estratégia de Jean-Luc Mélenchon de captar o voto da comunidade muçulmana, fonte eleitoral ainda pouco explorado e muito sensível à guerra em curso em Gaza entre Israel e o Hamas.
A pesquisa revela também que 57% dos franceses de fé judaica respondem afirmativamente à questão se deixariam a França no caso da eleição de um candidato do LFI nas eleições presidenciais de 2027.
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