Disputa em Alagoas motivou quebra de acordo sobre ‘blusinhas’?
Enquanto o prefeito João Henrique Caldas, de Alagoas, e o senador Rodrigo Cunha costuram aliança, Arthur Lira fica com o ônus de um projeto impopular
A busca por maior protagonismo no cenário político de Alagoas foi um dos fatores que motivou o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL, foto) a retirar a proposta de taxação em 20% das compras internacionais de até 50 dólares do projeto de lei que cria o programa Mover e quebrar o acordo feito entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e os articuladores do Palácio do Planalto, registrou O Estado de S.Paulo.
Segundo o jornal, o senador, relator do projeto, foi escolhido pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), para ser seu candidato a vice nas eleições municipais, em outubro. A decisão, comunicada por JHC a Arthur Lira na segunda, 3, contrariou o presidente da Câmara dos Deputados, que almejava indicar uma pessoa mais próxima a ele para a vaga.
O prefeito João Henrique Caldas também afirmou a aliados que deverá ser candidato ao Senado pelo estado de Alagoas em 2026, vaga pretendida por Lira.
“O rompimento foi inevitável. De um lado, ficou o presidente da Câmara, e com a pecha de apoiador da criação de um novo imposto. De outro, JHC e Cunha, que vai usar a imagem de ‘defensor das blusinhas’ no processo eleitoral”, diz o jornal.
De olho na prefeitura de Alagoas, Rodrigo Cunha deve renunciar ao cargo e deixar a cadeira no Senado a suplente Eudócia Caldas, mãe de João Henrique Caldas.
Lira ameaça enterrar o Mover
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta terça-feira, 4, que o Senado cumpra o acordo sobre a taxação das compras internacionais até 50 dólares.
“Se o Senado modificar o texto, obrigatoriamente tem que voltar para a Câmara, não sei como os deputados vão encarar uma votação que foi feita por acordo. Não é fácil votar uma matéria quando ela tem uma narrativa de taxar blusinhas. Não estamos falando disso, estamos falando de emprego, de justiça de competição, de indústria nacional que já está quase que de nariz de fora no aperto”, afirmou Lira.
“Precisamos honrar os acordos que são feitos”, complementou Lira. O deputado cobrou ainda que o governo trabalhe para convencer o relator do Senado a voltar com o trecho retirado da proposta sob o risco de a Câmara enterrar o programa Mover.
“Acho que o Mover tem sérios riscos de cair junto e de não ser votado mais na Câmara. Isso eu penso de algumas conversas que eu tive. Estamos pacientemente esperando e aguardando que as coisas sejam discutidas, votadas, de maneira altiva, transparente e clara”, disse Lira.
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