Governo marca data para o leilão do arroz importado
Presidente da Federação da Agricultura do RS afirma que o governo foi insensível em relação a importação de arroz
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou a realização do primeiro leilão para a compra de até 300 mil toneladas de arroz importado que vai acontecer em 6 de junho. A iniciativa, criticada por produtores do Sul, tem como objetivo reduzir os preços do produto, que sofreram um aumento significativo devido às enchentes no estado do Rio Grande do Sul.
Responsável por 70% da produção nacional de arroz, o Rio Grande do Sul foi duramente afetado pelas enchentes. Para o governo federal, as fortes chuvas que atingiram o estado são responsáveis pelo aumento de até 40% nos preços do produto.
Como mostrou Crusoé, para os produtores nacionais, a culpa pelo aumento do preço do arroz não é das enchentes, mas do próprio governo, que acionou um alarme sem necessidade.
“Eles simplesmente fizeram um anúncio de que poderia faltar arroz. As pessoas então foram aos supermercados num momento que tínhamos grande dificuldade de abastecimento causada pela dificuldade de logística e de emitir nota fiscal eletrônica. O governo foi insensível“, diz o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira.
Quando o arroz chega
Segundo informações da Conab, o cereal importado deverá ser entregue até o dia 8 de setembro. O edital com as regras do leilão já foi publicado e estabelece as condições para a participação dos fornecedores, bem como as características do arroz a ser adquirido.
Uma medida provisória autoriza a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz importado, com um custo limitado a R$ 1,7 bilhão. A ideia é que essa medida possa ser avaliada após a primeira rodada de compras, para determinar se serão necessárias novas aquisições para manter o equilíbrio dos preços no mercado.
Controversa entre governo e produtores
Segundo o governo petista, a compra de arroz importado não visa competir com a produção nacional, mas sim suprir a demanda e garantir que o produto esteja disponível a preços justos para os consumidores. O arroz importado será vendido em embalagens específicas, ao preço de R$ 4 por quilo, o que significa que o consumidor final pagará no máximo R$ 20 pelo pacote de 5kg.
Para os produtores gaúchos, a importação é uma crueldade. Isso porque, apesar das chuvas, não há escassez do produto.
Tal fato, aliás, foi admitido pelo ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, em uma entrevista para a agência estatal EBC.
“Sabemos que o Rio Grande do Sul tem estoque suficiente e não há risco de desabastecimento, mas o governo precisa coibir a especulação. O preço do arroz subiu de 30% a 40% em um mês, o que é inconcebível. Não precisaríamos importar se tivéssemos uma situação normal“, disse Fávaro.
O produto importado será destinado a pequenos varejistas, mercados de vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos comerciais em regiões metropolitanas. Essa distribuição será baseada em indicadores de insegurança alimentar, garantindo que o arroz chegue às áreas mais necessitadas.
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