Ivan Sant’anna na Crusoé: Terra de fronteira – Primeira parte
A curiosa história de como parei no Paquistão, com a honrosa missão escrever um livro com tudo pago
No dia 17 de julho de 2008, viajei para São Paulo. Minha intenção era participar de uma passeata dos parentes e amigos dos passageiros do voo JJ-3054, da TAM, que exatamente um ano antes colidira com o terminal de cargas da empresa, situado quase ao lado da pista de aterrissagem do aeroporto de Congonhas, na avenida Washington Luís.
Esse acidente foi e (continua sendo) o maior desastre aéreo da aviação comercial brasileira, com 199 mortos, inclusive 12 que estavam no solo.
Eu não tinha nada contra a TAM, mas é nessas passeatas que se consegue contato com pessoas que podem falar sobre seus entes queridos falecidos na tragédia.
É que eu queria incluir o voo JJ-3054 em meu livro Perda Total, que acabou sendo publicado pela editora Objetiva em 2011, chegando a permanecer várias semanas na lista dos mais vendidos da revista Veja.
Eis que na passeata me deparo com o Rodrigo Teixeira, da RT Features, que me convidou para participar do projeto Amores Expressos, uma parceria da RT com a Companhia das Letras, projeto esse segundo o qual 20 autores (acabaram sendo 17, dos quais só 11 se transformaram em livros) viajariam para diversos países, em cujos cenários escreveriam histórias de amor (ficções) envolvendo um brasileiro e um natural do país.
Pois bem. A mim foram oferecidos três destinos: Sierra Leoa, Bagdá e Paquistão.
Por eliminação, escolhi o último. Sierra Leoa não tinha lei; em Bagdá, na Zona Verde não acontecia nada e fora dela era perigoso demais; o Paquistão pelo menos havia polícia e lei.
Como exigi viajar de classe executiva, e em cada cidade paquistanesa ficar no melhor hotel, tudo por conta do projeto, a Cia. das Letras tirou meu nome fora.
Mas como o Rodrigo é apaixonado pelo livro Os mercadores da noite, resolveu bancar tudo de seu bolso, incluindo um adiantamento de 15 mil dólares.
Como eu conhecia o repórter cinematográfico Sergio Gilz, da TV Globo, baseado em Londres, e ele, por sua vez, era amigo da brasileira Cristina von Sperling, residente em Islamabad, casada com um diplomata paquistanês que já fora embaixador em Brasília, me conectou com ela por e-mail.
Mais do que depressa enviei
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