Pimenta nos olhos do Congresso não é refresco
Criação de Ministério Extraordinário depende de aprovação por deputados e senadores de Medida Provisória, mas parlamentares resistem
O governo Lula é errático. E isso não deveria ser novidade alguma para absolutamente ninguém. Mas é de surpreender o número de trapalhadas ou falhas de cálculo político que o atual presidente da República tem cometido ao longo de um ano e meio de mandato. E isso porque o inconsciente coletivo sempre disse que o petista era um animal político.
Nas últimas duas semanas, tanto aliados quanto adversários criticaram a indicação de Paulo Pimenta para ser o ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul. Afinal de contas, ele é pré-candidatíssimo ao governo do Estado e nunca teve a diplomacia como uma de suas melhores qualidades.
Pois bem, a questão agora é que o próprio Congresso deu sinais de que não vai engolir tão fácil a criação de uma 39ª pasta na Esplanada dos Ministérios.
Como mostrou a Folha nesta sexta-feira, 24, integrantes do Palácio do Planalto fazem hoje cálculos sobre o que será necessário entregar ao Congresso para que a Medida Provisória que cria o Ministério Extraordinário não caduque ou seja rejeitada.
Como todo mundo já sabe, o governo Lula não tem maioria no Congresso – principalmente na Câmara -, o que dificulta de sobremaneira a aprovação de projetos de interesse do Poder Executivo. Tanto é que, em quase 18 meses de governo Lula 3, absolutamente nada da agenda ideológica petista passou pelo Congresso.
Lula não se atentou a isso quando criou a secretaria extraordinária e entregou o cargo ao correligionário radical. Ele sequer se deu ao trabalho de sentir a temperatura na Câmara e Senado antes de tomar uma atitude como essa. Agora, resta ao Palácio do Planalto bolar alguma solução mágica para convencer deputados e senadores a endossarem essa ideia e não derrubar a Medida Provisória – o que, politicamente, seria um vexame completo.
Caso a MP que cria o Ministério da Reconstrução não seja aprovada até 25 de setembro, ela perde automaticamente a validade e Paulo Pimenta será obrigado a voltar a Brasília – e a reassumir a Secom ou outro cargo ainda a ser disponibilizado por Lula.
Esse, inclusive, não é um cenário tão distante assim. Se em um futuro próximo, a MP cair ou for rejeitada, é um sinal claríssimo de que Lula, definitivamente, perdeu o traquejo político.
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