Jerônimo Teixeira na Crusoé: Os progressistas que acreditam em pecado original
Essa arraigada concepção religiosa está no fundo do que boa parte da esquerda pensa sobre questões raciais – e isso não é nada bom para a vida política
Em sua coluna semanal para Crusoé, Jerônimo Teixeira cita o livro Faca – Reflexões sobre um atentado, de Salman Rushdie e faz comparações de passagens da obra literária com a tragédia do Rio Grande do Sul.
Faca – Reflexões sobre um atentado, de Salman Rushdie: li, gostei, resenhei. Recomendo o livro enfaticamente a todos meus eventuais leitores. É um relato desassombrado – e surpreendentemente bem-humorado – do atentado a faca que Rushdie sofreu em agosto de 2022 e do difícil processo de recuperação pelo qual o escritor teve de passar (entre outras sequelas, o ataque cegou seu olho direito). Esqueçam as palhaçadas de Elon Musk: assombrado desde 1989 pela fatwa emitida pelo aiatolá Khomeini, o autor de Os versos satânicos é um verdadeiro herói da liberdade de expressão.
Meu tema hoje, porém, não é a literatura de Rushdie, o fundamentalismo islâmico ou a liberdade de expressão. Só comecei fazendo profusos elogios a Faca porque de outra forma pareceria mesquinho o que farei a partir daqui: vou criticar uma passagem muito específica do livro. Minha bronca é com uma única expressão utilizada por Rushdie.
É na página 196 da edição da Companhia das Letras. Rushdie está expondo sua preocupação com o revisionismo histórico professado por novos líderes populistas que vêm emergindo nos mais diversos lugares, de Nova Delhi (referência a Narendra Modi) à Florida (Donald Trump e Ron DeSantis). Ele diz então que é necessário se opor às “autoridades cínicas” que buscam apagar “os dois pecados originais dos Estados Unidos, a escravidão e a opressão e o genocídio dos habitantes originais do continente”.
Na semana passada, falando da catástrofe climática que assolou meu estado natal, passei quase completamente ao largo das abjeções que circularam nas redes sobre o Rio Grande do Sul e seus habitantes. Queria apenas homenagear a força e a coragem dos que estão trabalhando para ajudar quem perdeu tudo nas enchentes.
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