Crusoé: A polêmica versão “só para maiores” de ‘Grande Sertão: Veredas’
Adaptação do clássico de Guimarães Rosa que estreia no próximo mês leva história das batalhas de Riobaldo para favela ficcional
O filme “Grande Sertão”, que estreia no próximo dia 6 de junho, é a segunda adaptação do livro de João Guimarães Rosa publicado em 1956. A obra, desta vez, será recomendada apenas para maiores de 18 anos pelo Ministério da Justiça, por conter “violência extrema, nudez e drogas”.
Nesta sexta-feira, 17, a pasta negou um recurso da produtora do filme para relaxar esta avaliação. “Estão presentes tendências de classificação mais elevadas, tais como: morte intencional, tortura, produção ou tráfico de droga ilícita, violência gratuita ou banalização da violência e apologia à violência e crueldade“, lista o Ministério da Justiça.
Apenas a primeira característica poderia estar em um filme recomendado a maiores de 14 anos, como queria a produtora; todos os outros devem ser recomendados a maiores de 16 ou 18 anos, a julgar pela gravidade e frequência das cenas.
A nova adaptação foi dirigida por Guel Arraes (O Auto da Compadecida), e tenta dar uma roupagem de Mad Max ao clássico da literatura brasileira do século XX. Nas telas, o Grande Sertão se torna o complexo de favelas do Serão, onde uma dupla de amigos, Diadorim e Riobaldo, são acompanhados desde a infância. A luta entre policiais e bandidos — em cenas que trazem imediata memória ao cenário brasileiro atual — é retratada à medida que ambos são dragados, depois de adultos, a tomar lado na batalha que assola a comunidade.
O filme tem mais referências ao Rio de Janeiro do século XXI (e a disputa política polarizada de nossos tempos) do que parece aguentar: Riobaldo é, depois de adulto, um professor de história; um grupo de militares defende a morte de bandidos com gestos que lembram o fascismo de Benito Mussolini; e Diadorim — a complexa personagem que norteia as ações de Riobaldo no livro — puxa o suposto protagonista para o centro de uma luta contra o diabo.
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