A rachadinha ‘voluntária’ de Janones
Ao apresentar sua defesa ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado alegou que estava reunido com um "grupo político" que fazia "contribuições espontâneas" para sua campanha
Ao apresentar sua defesa ao Conselho de Ética da Câmara no processo em que é investigado por rachadinha, o deputado federal André Janones (Avante-MG) alegou que as pessoas com quem estava reunido não eram servidores de seu gabinete, mas um “grupo político” que fazia “contribuições espontâneas” para sua campanha.
Segundo o Metrópoles, o parlamentar também questionou a veracidade das gravações realizadas por seu ex-assessor Cefaz Luiz e pediu o arquivamento da representação.
“As acusações de ‘rachadinha’ foram feitas com base em um áudio editado e descontextualizado, não de um parlamentar com seus assessores, mas de um grupo político, que visava se fortalecer para disputar eleições, não se tratava de devolver salários, mas de contribuições espontâneas, com a participação do parlamentar, sem quaisquer obrigação ou valores definidos, como fica claro no áudio apresentado”, afirmou o parlamentar.
Perseguição política?
Janones disse ainda ser vítima de “perseguição política”, tentando relacionar as denúncias à família Bolsonaro.
O deputado alegou que Cefas Luiz “comemorou” a repercussão dos áudios em ligação com Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Vai terminar em pizza?
Recorrendo ao Código de Ética da Câmara, a defesa de Janones argumentou que o Conselho não poderia dar continuidade a processos referentes a atos praticados antes do mandato em curso, solicitando o arquivamento da denúncia por ausência de justa causa e tipicidade da conduta.
O relator do processo no Conselho de Ética da Câmara é outro aliado de Lula, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP).
A rachadinha de Janones
O deputado federal André Janones (Avante-MG) sugeriu, em 2019, a criação de uma “vaquinha” mensal entre os servidores de seu gabinete na Câmara dos Deputados em áudio que veio a público no final de novembro de 2023.
Na gravação, o parlamentar afirmou que o dinheiro arrecadado seria utilizado para financiar a campanha de seu grupo político em 2020.
“Como nós não vamos ser corruptos, não vamos aceitar cargos […] Como a gente não vai ceder a essas coisas e a gente precisa de dinheiro pra fazer campanha, qual é a minha sugestão?
E aí nós vamos dividir o valor entre nós, inclusive eu. Isso é, todos. E isso é legal. Às vezes, você confunde isso com devolver salário. Devolver salário é você ficar lá na sua casa dormindo, me dá seu cartão, todo mês eu vou lá e saco e deixo só um salário pra você. Isso é devolver salário.
2020 [ano eleitoral] tá aí. Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser 50 reais, se vai ser 100, 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente vai decidir entre nós. E a gente começar uma vaquinha já no primeiro mês de salário pra gente poder disputar as eleições de 2020 com o básico pelo menos”, disse Janones.
No áudio, gravado na mesma reunião em que o deputado defendeu o pagamento de despesas de campanha com rachadinha, um dos assessores afirmou que esta seria “a única saída para Janones disputar a eleição sem ceder ao sistema”, referindo-se ao recebimento de doações de empresas e ao desvio de verbas públicas.
Embora estivesse planejando as despesas para as eleições municipais de 2020, Janones não foi candidato. Contudo, o deputado elegeu sua ex-assessora Leandra Guedes como prefeita de Ituiutaba, cidade em que foi derrotado em 2016.
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