Crusoé: Para Lula, ler livro é deixar de fazer alguma coisa
Para o presidente brasileiro, a leitura sempre priva a pessoa de fazer alguma coisa, seja negociar no Congresso, usar o Twitter ou cometer um crime
A frase de Lula desta segunda, 22, pedindo mais atuação do ministro da Economia Fernando Haddad revela muito bem como o presidente se relaciona com a leitura.
Para Lula, quem lê deixa de fazer alguma coisa. É um conceito negativo, portanto, pois depende de que outra coisa não aconteça. A leitura nunca é vista como algo que tem um fim em si mesmo, que tem uma contribuição positiva a dar.
“O Haddad tem de, sabe, ao invés de ler um livro, ele tem de perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara“, disse o presidente.
O uso de “ao invés” mostra bem seu raciocínio: quem lê um livro deixa de fazer algo importante: conversar no Congresso.
No ano passado, Lula expôs pelo menos duas vezes esse conceito negativo da leitura.
Em outubro, ele afirmou que dar livros era a melhor maneira de impedir que jovens cometessem crimes.
“A gente não pode permitir que haja arsenais de armas nas mãos de pessoas“, explicou Lula. “Por isso que a gente vai continuar lutando por um país desarmado. Quem tem que estar bem armado é a polícia brasileira, é as forças armadas brasileiras que têm que estar bem armadas. O que nós precisamos baixar é os preços dos livros, e o preço de acesso a coisas culturais que nossas crianças não têm acesso.“
Era ler um livro ou usar uma arma.
Em dezembro, ele escreveu nas redes sociais: “É importante vocês lerem. Se você ficar no português do Twitter, o vocabulário vai diminuir“.
Era ler ou usar o Twitter.
Lula diz que leu mais de 40 livros na cadeia, mas nunca cita alguma coisa que aprendeu com a leitura. Pode ser memória ruim, claro.
Ou pode ser preguiça, como ele já confessou.
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