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Se Janja faz articulação política, eu quero ver sua agenda

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 16.04.2024 12:29 comentários
Análise

Se Janja faz articulação política, eu quero ver sua agenda

Primeira-dama não pode atuar como autoridade sem ter os ônus que recaem sobre uma agente pública

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Carlos Graieb
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Se Janja faz articulação política, eu quero ver sua agenda
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Janja disse em entrevista à BBC que trabalha como articuladora no governo de seu marido.  

“O meu papel é de articuladora, que fala sobre política pública. Podemos estar em espaços diferentes e falar com públicos diferentes quando necessário”, afirmou a primeira-dama.

Pode ser assim? Pode. Desde que regras sejam cumpridas. E isso não vem acontecendo no Planalto.

A regra básica é a da transparência. Se a mulher de Lula discute políticas e negocia alianças, o país tem o direito de saber quando e com quem isso ocorre. 

Sua agenda, no entanto, não recebe a publicidade exigida de uma agente pública. Muito ao contrário, o governo vem impondo sigilo aos compromissos de Janja, alegando que a Lei de Acesso à Informação protege a intimidade e a vida privada dos familiares de uma  autoridade como o presidente da República. 

E não é um sigilo qualquer, é aquele de 100 anos. Quanto mistério.

Público e privado

Ao dizer que faz trabalho político, Janja abriu mão desse resguardo. 

Para ficar em um único exemplo de possível conflito de interesses: como saber se nesses contatos estratégicos que a primeira-dama diz manter, as questões abordadas são do governo ou do PT? Será que ela está usando recursos da Presidência para tratar de interesses que são exclusivamente da companheirada? 

Pelo jeito, a socióloga Janja faltou nas aulas sobre os clássicos da sua disciplina, que denunciam a confusão entre público e privado como um dos males de origem da sociedade brasileira. 

Ela quer viver em meio a essa confusão. Tornou-se encarnação dessa mixórdia.

Cotidiano de autoridade pública não pode ser na base do “faço o que eu quero, do jeito que eu quero”. Precisa obedecer a regras. 

Se é tão importante para a autoimagem da primeira-dama sentir e dizer que participa do governo Lula, então, ela que se submeta aos ônus que recaem sobre alguém que participa do governo Lula. Não dá para ter tudo nessa vida. 

Tipos de primeira-dama

Na entrevista à BBC, Janja também desdenhou do papel de suas antecessoras. “Desde a campanha tenho dito que queria remodelar esse papel de primeira-dama – a esposa que hospeda chás de caridade e visita instituições filantrópicas”, disse ela. “Esse não é o meu perfil.”

Há outra maneira de enxergar primeiras-damas que se dedicam a compromissos desse tipo. Elas estão cientes que não foram escolhidas pelo voto para fazer “articulação política”. Por isso, desempenham um papel público que não se confunde com ações de governo. Elas têm mais clareza do que Janja a respeito dos direitos e deveres de uma autoridade investida num cargo.

Também há exemplos de primeiras-damas que fizeram mais do que “hospedar chás de caridade e visitar instituições filantrópicas”. 

Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e socióloga como Janja (mas com obra acadêmica reconhecida), presidiu o programa Comunidade Solidária, que funcionou entre 1995 e 2002. Serviu de base para que Lula criasse o programa Fome Zero em seu primeiro mandato. 

Lu Alckmin, mulher do vice-presidente Geraldo Alckmin, engajou-se no estado de São Paulo, durante os governos do marido, na iniciativa da Padaria Artesanal, que deu uma fonte de renda a milhares de mulheres. Ela levou a ideia ao governo federal

Ambas demarcaram um território onde queriam atuar, trabalharam de maneira transparente e deixaram um legado. O que Janja construiu até agora?   

Assista abaixo a trecho do Papo Antagonista sobre as articulações da primeira-dama:

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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