A direita elegível não vai nada mal
Se Tarcísio de Freitas segue favorito para herdar o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado tem na bandeira da segurança pública um imenso trunfo contra Lula e os petistas para 2026
Jair Bolsonaro voltou a arrastar pequenas multidões em aeroportos pelo país, mas, a não ser que aconteça algo parecido com o processo que levou Lula de volta ao Palácio do Planalto em 2022, o ex-presidente não poderá se candidatar pelos próximos oito anos. A busca por uma alternativa elegível a Bolsonaro teve nesta semana um capítulo animador para alguns governadores.
Dos quatro chefes de governos estaduais pesquisados pela Genial/Quaest, Ronaldo Caiado (União Brasil, à esquerda do deputado Ricardo Salles na foto) é o único que já declarou claramente a intenção de disputar a Presidência da República em 2026. O governador de Goiás é também o mais bem avaliado por seu eleitorado na comparação com os pares, com impressionantes 86% de aprovação.
Outra boa notícia para Caiado na perspectiva da disputa presidencial é que sua popularidade é puxada por uma área com que o governo Lula sofre miseravelmente: 69% dos goianos aprovam a segurança pública do governo Caiado — e apenas 10% reprovam.
Encurralados pela saidinha
O presidente da República e seu ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, colocaram-se nesta semana na incômoda posição de defender bandidos no debate sobre as saidinhas de presos em datas comemorativas. Isso depois de buscar por 50 dias e 6 milhões de reais os dois primeiros fugitivos de um presídio de segurança máxima do país.
Os analistas que se apegam ao debate teórico sobre o assunto ignoram que o sentimento da população é de insegurança. É muito difícil falar em ressocialização quando o país inteiro sabe que as maiores facções criminosas do país são comandadas de dentro dos próprios presídios.
Ratinho corre por fora
Na sequência de Caiado, quem mais chamou a atenção pela aprovação expressiva, de 79%, foi Ratinho Júnior (PSD). O governador do Paraná é menos incisivo que o colega de Goiás sobre a pretensão presidencial, mas Gilberto Kassab, o comandante de seu partido, já disse que Ratinho será o candidato caso o PSD decida encabeçar uma chapa em 2026.
Uma candidatura de Ratinho, menos associado a Bolsonaro do que Caiado e os outros dois governadores pesquisados — Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais —, botaria em questão a força de um direitista tão longe das multidões arrastadas pelo ex-presidente.
É por isso que, apesar de ainda estar no primeiro mandato, Tarcísio segue apontado como o favorito para herdar o espólio eleitoral de Bolsonaro. A opção seguinte seria Zema, que se elegeu governador em 2018 surfando a mesma onda que levou o ex-presidente ao Palácio do Planalto.
Caminhos traçados
A eleição de 2026 ainda está longe demais, e não ainda ocorreu nem a de 2024, que deve ajudar a esclarecer o quadro político. Por enquanto, Bolsonaro ainda monopoliza as emoções da direita no Brasil, mas esses quatro governadores têm traçados seus próprios caminhos — e a vantagem essencial de poderem se candidatar.
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