Líder yanomami faz pedido ao papa
O líder indígena pediu ao pontífice apoio para enfrentar a luta contra o garimpo ilegal nas terras yanomamis
O papa Francisco recebeu, nesta quarta-feira, 10, o líder yanomami, Davi Kopenawa, em um encontro marcado pela defesa dos direitos indígenas e pela preservação do meio ambiente. Durante a audiência, Davi expressou ao pontífice a necessidade de apoio contínuo e de dar voz à causa indígena, especialmente no que diz respeito à retirada dos garimpeiros ilegais das terras yanomamis.
A exploração ilegal, a poluição dos rios, a invasão de terras e o desmatamento têm causado sérios danos ao povo yanomami, resultando em problemas como a desnutrição das crianças, conforme afirmou Davi Kopenawa em entrevista à Rádio Vaticano após o encontro. Ele ressaltou a importância de combater essa realidade para garantir a saúde e o bem-estar das futuras gerações.
Davi Kopenawa é uma das principais lideranças do povo indígena yanomami e é conhecido internacionalmente por sua atuação em defesa dos direitos desses povos. Além de ser xamã, ele também ocupa a posição de presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Apoio para enfrentar o que Lula não resolve
Nos últimos dias, o líder yanomami tem percorrido diversas cidades italianas em busca de apoio para enfrentar os desafios enfrentados pelos povos indígenas e para promover a urgente necessidade de preservação do meio ambiente. Sua visita à Roma teve como objetivo principal dialogar com o Papa Francisco sobre a situação do seu povo e buscar soluções para os problemas enfrentados.
Como mostrou Crusoé no começo deste ano, quase um ano após Lula dizer que Jair Bolsonaro abandonou os yanomamis, praticamente nada mudou na maior terra indígena do Brasil. Em 2022 foram registradas 343 mortes de indígenas na região, 35 a mais que durante o primeiro ano de mandato do presidente petista, que registrou 308, 53% dessas mortes, em 2023, foram de crianças. Os dados são do Ministério da Saúde e foram compilados pelo portal G1.
Em janeiro, Lula deu uma declaração, dizendo que o país não pode “perder a guerra” contra o garimpo ilegal em Terras Indígenas Yanomamis na Amazônia. Se passarem 12 meses e ele não começou o combate contra. Em janeiro do ano passado, ele decretou estado de emergência de saúde pública na região.
Na época, o G1 identificou que o povo yanomami continua vivendo em situação de precariedade. Como em 2022, no início deste ano as imagens de crianças doentes, desnutridas, com ossos à mostra se repetem. A maioria das mortes na região são causadas por malária, pneumonia e desnutrição.
Segundo Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, que foi ouvido pelo portal, o garimpo ilegal segue a todo vapor na região.
“Os Yanomami ainda estão morrendo, enquanto o garimpo trabalha livremente e a saúde Yanomami está ruim. Não melhorou. O garimpo minimizou em três meses, mas depois voltou de novo”, diz Kopenawa à reportagem.
O Ministério da Saúde informou que em dezembro, havia apenas 7 médicos para atender a população de 31 mil indígenas yanomamis. Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami (Condisi-Y), diz ao G1 que o cenário no território é de “dor, doença e caos“.
Yanomamis contaminados por mercúrio
Recentemente, uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que quase toda a população de nove aldeias yanomamis localizadas em Roraima está contaminada por mercúrio.
Os resultados foram obtidos a partir da análise de amostras de cabelo coletadas em outubro de 2022. Segundo os pesquisadores, o estudo evidencia uma situação preocupante e contribui para a compreensão dos impactos causados pelo garimpo ilegal de ouro na região.
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