Folha trata crítica a Gilmar como “agressão”
Quem passa o olho no título, repercutido avulso nas redes sociais, tem a impressão de que Gilmar foi violentado fisicamente. Subtítulo mostra como a barra foi forçada
A colunista social da Folha, sempre disposta a emplacar e esquentar narrativas do maior articulador político do Supremo Tribunal Federal, publicou a seguinte manchete: “Servidor do INSS que agrediu Gilmar Mendes pede demissão depois de inquérito e trabalho no exterior”.
Quem passa o olho no título, repercutido avulso nas redes sociais, tem a impressão de que Gilmar (foto) foi violentado fisicamente. O subtítulo, no entanto, mostra como a barra foi forçada: “Funcionário que afirmou que magistrado envergonha o Brasil é investigado sob suspeita de teletrabalho irregular em Portugal”.
Afirmar que um magistrado envergonha o Brasil só constitui “agressão” em narrativa de porta-voz, ainda mais se considerarmos que a imagem de Gilmar é negativa para 57% dos brasileiros, de acordo com pesquisa AtlasIntel publicada em fevereiro deste ano.
Agressão?
Dois dias antes, a colunista social chegou a incluir a palavra “verbalmente” na manchete de outra matéria sobre a “agressão”: “PF identifica servidor que agrediu Gilmar verbalmente em Lisboa, e ministro pede investigação”. Se o título já era forçado assim, que dirá depois.
O vídeo que circulou nas redes mostra a fala exata do servidor Ramos Antonio Nassif Chagas, ao abordar o ministro no aeroporto de Lisboa, enquanto ele tomava um cafezinho:
“Gilmar, você já sabe, mas não custa relembrar: só dizer que você e o STF são uma vergonha para todo o Brasil e para todo o povo de bem, tá? Só isso, tá? Infelizmente, um país lindo como o nosso tá sendo destruído por pessoas como você. Tá bom?”
Liberdade de crítica
Todo cidadão brasileiro tem liberdade de crítica — pelo menos, no papel — para entender e expressar que qualquer autoridade pública está destruindo o seu país, obviamente em suas ações no cargo que ocupa. Mas há autoridades mais iguais que outras. Quem interrompe o cafezinho delas, ou atrapalha de alguma forma seus negócios e planos, é perseguido e acaba maculado na imprensa amiga do poder.
A corregedoria do INSS abriu um procedimento administrativo disciplinar (PAD), cujo levantamento preliminar vazado para a colunista social do jornal apontou que o servidor estaria violando a regra de teletrabalho. Ramos Antonio Nassif Chagas, então, pediu demissão.
Na coluna social, curiosamente, não há notícia sobre a cotovelada atribuída pela ex-mulher de Lulinha ao filho de Lula. Há, também, “agressões” mais iguais que as outras.
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