A polícia da Bahia não sabe escrever Rui Costa?
Em delação, Cristiana Taddeo afirmou que a Polícia Civil se recusou a colocar o nome do ministro de Lula nos depoimentos prestados sobre a fraude dos respiradores
A empresária Cristiana Prestes Taddeo, que vendeu, mas não entregou, respiradores ao governo da Bahia em abril de 2020, afirmou em delação premiada que a Polícia Civil do estado se recusou a colocar o nome do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), nos depoimentos prestados sobre a fraude.
Segundo o Uol, ela diz ter citado o petista “três ou quatro vezes” em seus depoimentos, mas os delegados que estavam à frente da investigação se recusaram a fazer a transcrição das citações.
“Todas as vezes que eu mencionei o governador Rui Costa, os delegados que estavam me entrevistando minimizaram a sua participação dizendo que ele não tinha nenhuma culpa; que essas respostas se repetiram e, em algumas oportunidades, de forma agressiva; que então eu percebi que eles estavam protegendo o governador”, disse Cristiana Taddeo, em delação premiada.
Quem protegia Rui Costa?
Cristiana Taddeo afirmou que Ana Carolina Rezende, então delegada-geral adjunta da Polícia Civil da Bahia, era a que mais protegia o governador, embora os demais delegados também eximissem o ministro de Lula de culpa.
“Depois que eu fui solta e li os termos dos meus depoimentos que foram juntados ao inquérito, verifiquei que eles não traduzem na integralidade os fatos que eu narrei nos meus depoimentos; eu citei o nome do governador Rui Costa por volta de três, quatro vezes ao tratar sobre o contrato celebrado com o Consórcio Nordeste, principalmente sobre quem assinou o contrato, mas seu nome não constou nenhuma vez nos termos que foram juntados aos autos”, disse.
A esposa de Rui Costa também foi poupada
Na delação, a empresária relatou que a ex-primeira-dama da Bahia Aline Peixoto, esposa de Rui Costa, também foi retirada do depoimento.
“Eu também citei o nome da primeira-dama, Aline Peixoto, mas não há nenhuma menção a ela nos depoimentos escritos que foram juntados ao inquérito; eu, inclusive, destaquei que Cléber Isaac se apresentou como sendo muito amigo dela e os delegados fizeram perguntas a respeito, mas não há nada disso nos termos de depoimento juntados”, afirmou.
A delação
O ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, Rui Costa, aparece na delação premiada de uma empresária que vendeu, mas não entregou, respiradores ao governo da Bahia em abril de 2020. Costa era governador do estado à época.
O contrato em questão foi fechado por 48 milhões de reais, e a empresária responsável pela venda, Cristiana Taddeo, dona da Hempcare, já devolveu 10 milhões aos cofres públicos. Segundo ela, a venda foi fechada com autorização de Costa e intermediada por um empresário baiano que se apresentou como amigo do governador e da então primeira-dama Aline Peixoto.
O tal amigo teria cobrado comissões que totalizaram 11 milhões de reais. O ex-secretário da Casa Civil Bruno Dauster também disse em depoimento à Polícia Federal que as tratativas receberam o aval de Costa.
Em nota, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, negou ter relação com irregularidades na venda de respiradores. Ele também afirmou que nunca tratou com intermediários sobre a compra dos equipamentos.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)