A visita de Bolsonaro à embaixada da Hungria
Imagens de câmeras de segurança reveladas pelo New York Times mostram que o ex-presidente brasileiro passou dois dias na embaixada da Hungria em Brasília. Ele confirmou, mas afastou "especulações"
O jornal americano The New York Times revelou nesta segunda-feira, 25, imagens que mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (foto) passou 48 horas na embaixada da Hungria quatro dias após a Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro. A operação investigava uma trama para golpe de Estado.
O jornal sugere que Bolsonaro estava tentando uma aproximação com Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria, com planos de escapar do sistema judicial brasileiro.
“O ex-presidente pareceu ficar na embaixada durante os dois dias seguintes, mostrou a filmagem, acompanhado por dois seguranças e servido pelo embaixador húngaro e por membros da equipe. Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não pode ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolhe, porque estão legalmente fora do alcance das autoridades nacionais”, diz o jornal.
“Não vou negar“
Bolsonaro já confirmou ao portal Metrópoles que esteve na embaixada, mas para falar de “assuntos do interesse do nosso país”.
“Não vou negar que estive na embaixada sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto final. O resto é especulação”, comentou o ex-presidente.
Gravações
O New York Times diz ter analisado três dias de gravações, de segunda-feira, 12 de fevereiro, a quarta-feira, 14 de fevereiro. Durante esses dias, Bolsonaro teria sido discreto. O jornal americano destaca as relações entre Bolsonaro e Orban, a quem o ex-presidente brasileiro já chamou de “irmão”, e diz que a rotina da embaixada mudou durante a passagem de Bolsonaro.
“No dia 14 de fevereiro, os diplomatas húngaros contataram os funcionários brasileiros locais, que deveriam retornar ao trabalho no dia seguinte, instruindo-os a ficar em casa pelo resto da semana, segundo o funcionário da embaixada. Eles não explicaram o porquê, disse o funcionário”, diz o jornal.
Rotina
“Momentos antes de sua chegada, imagens de segurança mostram Miklós Halmai, embaixador do país no Brasil, andando e digitando em seu telefone. A pequena embaixada estava praticamente vazia, exceto por alguns diplomatas húngaros que lá vivem. Os funcionários locais estavam de férias, porque a estadia do Sr. Bolsonaro ocorreu no meio das celebrações do Carnaval nacional do Brasil“, descreve o jornal americano.
As imagens mostram também os funcionários da embaixada carregando roupas de cama e água. Na manhã seguinte à chegada de Bolsonaro, uma cafeteira também aparece sendo levada para o local onde ele estava.
O ex-presidente brasileiro pode ser visto deixando a embaixada à 16h14 de 14 de fevereiro. Onze dias depois, ele estava na avenida Paulista rodeado de aliados, numa reação à série de investigações de que se tornou alvo.
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