O Estado Islâmico reapareceu; e agora?
O mundo está cada vez menos seguro, o que deve ser explorado na campanha eleitoral americana deste ano por Donald Trump
Em 22 de março de 2024, Moscou foi alvo do pior ataque terrorista em 20 anos. A ação, executada por cinco terroristas armados e camuflados, deixou um saldo devastador, sendo reivindicada pelo grupo Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K), uma facção do Estado Islâmico.
Originário de dissidentes do Talibã paquistanês, que migraram para o Afeganistão e lá se aliaram a militantes, o ISIS-K foi formalmente reconhecido pelo comando do ISIS em 2015. Ativo principalmente no nordeste afegão, em províncias como Kunar, Nangarhar e Nuristão, o grupo também estabeleceu presença em outras áreas do Afeganistão e Paquistão, inclusive na capital afegã, Cabul.
O termo “Khorasan” remete a uma região histórica que hoje engloba partes do Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central. Segundo relatórios da ONU, o ISIS-K conta com milhares de combatentes ativos, responsáveis por alguns dos mais letais ataques nos últimos anos, tanto no Afeganistão quanto no Paquistão, frequentemente visando civis e minorias religiosas, sobretudo muçulmanos xiitas.
A relação do ISIS-K com o Talibã é marcada por uma rivalidade aguda, apesar das similaridades em suas ideologias extremistas sunitas. O grupo se opõe veementemente ao Talibã, a quem considera apóstata. Essa hostilidade resultou em confrontos diretos entre as partes, com o Talibã frequentemente levando a melhor, especialmente desde 2019, quando o EI-K viu sua capacidade de controle territorial significativamente reduzida.
A investida em Moscou reitera a ameaça representada pelo ISIS. Em resposta, o governo russo intensificou medidas de segurança em todo o território, expandindo patrulhas e operações de busca, com especial atenção a locais de grande circulação pública, como aeroportos e estações ferroviárias.
O presidente Vladimir Putin condenou o ataque, classificando como um ato de barbárie terrorista. Ele assegurou que a Rússia empregará todos os esforços necessários para identificar e punir todos os responsáveis, ao mesmo tempo em que prometeu reforçar as políticas e práticas de segurança antiterrorismo do país, sublinhando o compromisso inabalável do governo com a proteção da nação e de seus cidadãos.
Sobre o ISIS
Em 2014, o mundo assistiu ao surgimento repentino do Estado Islâmico (ISIS), grupo terrorista que rapidamente conquistou vastas áreas no Iraque e na Síria, proclamando um califado sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi.
Utilizando-se de uma interpretação extremista do Islã, o ISIS cometeu atos de uma brutalidade fora do comum até para os padrões dos terroristas islâmicos, que incluíram execuções em massa, decapitações, escravidão sexual e ataques terroristas ao redor do globo, tudo filmado e orgulhosamente distribuído pelo próprio grupo – tática que viria a ser mimetizada pelo Hamas no último 7 de outubro.
Sua habilidade em alavancar as mídias sociais para propaganda e recrutamento ampliou seu alcance e impacto, marcando não apenas forças governamentais e opositores regionais, mas também inspirando ou executando ataques em territórios distantes como Europa, Estados Unidos e Ásia.
Apesar de uma significativa perda territorial até 2019, o ISIS manteve sua capacidade de ameaça através de células insurgentes e afiliados em regiões como o Afeganistão (ISIS-K), África e Sudeste Asiático. Esses grupos continuam a realizar ataques terroristas, mesmo que fora do radar da opinião pública mundial.
EUA sobre ataque em Moscou: “Nós avisamos!”
O ataque na Crocus City Hall em Moscou revelou uma série de advertências prévias ignoradas.
Os Estados Unidos haviam alertado a Rússia sobre possíveis ataques do ISIS, especialmente contra grandes aglomerações e eventos culturais. Apesar desses avisos, as precauções necessárias não foram tomadas, uma decisão agora criticada à luz das trágicas consequências.
A escolha da Rússia como alvo pelo ISIS está ligada ao seu papel na geopolítica mundial, incluindo seu apoio ao regime de Bashar al-Assad na Síria, o que colocou Moscou diretamente contra o ISIS e intensificou as tensões.
Este ataque sublinha as vulnerabilidades na segurança interna da Rússia e serve como um lembrete da constante ameaça do terrorismo internacional. A capacidade do ISIS de orquestrar uma ação tão devastadora ressalta a importância da cooperação internacional em inteligência e segurança para combater o extremismo de maneira eficaz.
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