Bancas de heteroidentificação em universidades brasileiras enfrentam questionamentos
Explore como as bancas de heteroidentificação enfrentam desafios em universidades do Brasil, buscando garantir justiça nas cotas raciais.
As bancas de heteroidentificação, encarregadas de verificar se candidatos às vagas destinadas a negros em universidades realmente se encaixam nesse grupo racial, têm suscitado debates no país. A existência dessas bancas é uma tentativa de coibir fraudes nas cotas raciais, mas a maneira como o sistema deveria operar não é consensual.
As principais universidades brasileiras adotam diferentes métodos para a heteroidentificação, incluindo entrevistas presenciais, videoconferência e análise de fotos enviadas pelos candidatos ou tiradas durante o vestibular. Entretanto, os critérios de análise e o papel exato dessas bancas são pontos de divergência, mesmo entre instituições que defendem a existência do procedimento.
Controvérsias em universidades de São Paulo
Recentemente, a Folha de São Paulo revelou dois casos de estudantes na Universidade de São Paulo (USP) que tiveram suas matrículas canceladas, pois a universidade não os considerou pardos após análise de fotos e vídeos. Em reação à controvérsia gerada por esses casos, a USP prometeu que as bancas passariam a ser presenciais.
Segundo Maria Valéria Barbosa, presidenta da Comissão Central de Averiguação das Autodeclarações de Pretos e Pardos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), os estudantes citados seriam aprovados na instituição que dirige. “Temos a inclusão como princípio, não a exclusão”, defende.
Criação e funcionamento das bancas
As bancas de heteroidentificação foram criadas após surgirem denúncias de fraudes na autodeclaração para cotas raciais. A verificação das bancas se baseia no fenótipo dos candidatos, ou seja, suas características físicas observáveis. A análise se torna particularmente desafiadora no caso de candidatos autodeclarados pardos, que agora compõem a maioria da população brasileira.
Algumas universidades, como a USP e a Unesp, realizam a verificação por meio de fotos, enquanto outras, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também utilizam fotos, mas optam por tirá-las no momento do vestibular. A Unicamp adotou essa prática para padronizar a iluminação e evitar o uso de filtros.
Vantagens da verificação presencial
Rodrigo Ednilson de Jesus, presidente da Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), defende que a verificação deveria ser presencial. “Há, sem dúvida, uma questão de custo e logística envolvida, mas defendemos que a verificação presencial garante mais segurança tanto para o candidato quanto para a banca”, argumenta.
Apesar das diferenças de opiniões e práticas, a necessidade de transparência nas bancas é um ponto comum entre os entrevistados. Além disso, eles defendem que, em caso de dúvida na análise, o candidato deveria ser aprovado.
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