L. Barreto na Crusoé: Lula ruge muito porque manda pouco?
Lula não será Dilma 3 porque seus limites de ação estão mais bem desenhados, como um Congresso conservador e dono de mais de 20% do Orçamento
Em discussões transcendentes sobre a marcha da vida, uma das principais questões é a existência ou não de um sentido, palavra que se refere duplamente a significado e direção, dos eventos que vão se sucedendo. Afinal, a trajetória das pessoas, se dá de forma circular e repetitiva? Ou avança de forma linear e progressiva? Ou é simplesmente caótica?
É inevitável trazer esta dúvida existencial para pensar a trajetória política dos países, fazendo a mudança do destino dos indivíduos para a sorte das civilizações. Ainda mais quando o Brasil se depara com a realização de escolhas hoje que eram amplamente condenadas até ontem, dando a impressão de estarmos assistindo a um filme repetido e levando analistas a comparar o governo Lula com o da ex-presidente Dilma Rousseff.
A questão da intervenção do governo na Petrobras, na Vale, as críticas ao Banco Central, quase ataques pessoais ao seu presidente, Roberto Campos Neto, a reedição de programas de gastos públicos e, principalmente, a autossuficiência demonstrada por Lula no seu processo de tomada de decisões trazem debates que, apesar de repetidos, claramente não estão superados, considerando o nível de apoio que essas ideias intervencionistas ainda têm na sociedade. É fácil encontrar quem afirme que esse arcabouço de medidas só deu errado lá atrás por causa da Lava-Jato e da inabilidade política da ex-presidente: “Lula não é Dilma”, dizem.
Para análise política, se Lula é ou não é Dilma é algo que importa menos. O conjunto das ideias e a oposição que será feita a elas é o verdadeiro pulo do gato. O que está sendo testado não é o lendário “toque de Midas” de Lula, coisa para militante apaixonado, mas o que a sociedade aprendeu coletivamente nos últimos anos e como ela reagirá diante dessas receitas repetidas. Ou, em outras palavras, as instituições permitirão que Lula faça, na sua integralidade, o que quer fazer?
Há condições estruturais que sugerem que, nesse sentido, Lula não será Dilma 3 porque seus limites de ação estão mais bem desenhados. Há barreiras visíveis, como um Congresso conservador e dono de mais de 20% do Orçamento, e há outras relativas ao contexto, como a desconfiança em relação às intenções e à capacidade do governo.
A ex-presidente tinha um estoque…
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