“Estou me sentindo massacrada”, diz Luizianne, em disputa no PT
"É aquela velha coisa: nunca foi fácil para nós mulheres na política", desabafou a ex-prefeita de Fortaleza, que disputa internamente para ser o nome do PT nas aleições de 2024
A deputada federal Luizianne Lins, pré-candidata do PT para as eleições municipais de Fortaleza alegou, em entrevista ao jornal cearense O POVO, estar sendo massacrada dentro da disputa interna da sigla:
“Eu acho que a gente precisa ter muita tranquilidade para saber qual é o melhor caminho, porque não adianta as pessoas estarem querendo massacrar os outros na disputa interna do PT. Eu estou me sentindo assim: massacrada”, declarou a deputada.
A ex-prefeita de Fortaleza também alertou para o risco de o PT “não chegar lá” nas eleições, devido o grande acirramento interno: “o importante não é só ganhar internamente, é ter a capacidade de ganhar na sociedade“, comentou a parlamentar, que também desabafou dizendo que não via a mesma pressão sobre os outros candidatos da sigla: “Não adianta fazer esse massacre todo comigo. Dentro do PT, não vejo isso com os demais pré-candidatos”
Os outros pré-candidatos do PT são Larissa Gaspar, deputada estadual, Guilherme Sampaio, também deputado estadual, Artur Bruno, assessor especial de assuntos municipais da Casa Civil e Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa.
A neutralidade do governador Elmano de Freitas
No contexto dessa disputa interna, o nome com mais chances de sair como o candidato do PT à prefeitura de Fortaleza é Evandro Leitão, recém-chegado ao partido, egresso do PDT. Evandro conta com o apoio das correntes Campo Democrático, ligada ao deputado federal José Guimarães, e Movimento PT, vinculada ao deputado cearense José Airton Cirilo. Luizianne, por sua vez, tem apoio das correntes Diálogo Ação Petista e Articulação de Esquerda.
Luizianne também lembrou a declaração do governador do Ceará Elmano de Freitas (PT) de que não manifestaria apoio à nenhuma pré-candidatura no PT: “O governador respondeu claramente que em nenhum momento ele disse e nem se posicionou porque tinha respeito por todos os candidatos e que cabia a ele unificar e não dividir“.
A deputada do PT afirmou que, apesar da difícil situação, ela tinha muito apoio de partidos que compõem a base do governo Elmano, mas não citou quais, com a justificativa de evitar mais assédio aos seus aliados: “são partidos que a gente tem dialogado e esses partidos estão dispostos a nos apoiar com afinco nessa disputa.”
“Nunca foi fácil para nós mulheres na política”
Luizianne Lins, que foi prefeita da capital do Ceará de 2005 a 2013, fez a defesa do seu nome para o pleito de outubro de 2024 lembrando que não é de agora que está querendo novamente ser prefeita e que, “no perrengue de 2016 e 2020” quando pouca gente, quase ninguém, se dispunha a ser candidato pelo PT no Brasil afora, sabendo que era difícil, ela cumpriu essa tarefa.
Outro ponto mencionado por Luizianne foi a questão de gênero. “É aquela velha coisa: nunca foi fácil para nós mulheres na política, a exemplo do que aconteceu com a governadora Izolda Cela (PSB), que não teve a oportunidade de disputar“.
E seguiu: “A gente sabe que infelizmente o machismo é estrutural, mas não estamos falando só de ser uma questão de ser homem ou de ser mulher. Eu estou falando especificamente da nossa pré-candidatura, que não foi uma candidatura inventada da minha cabeça. Eu já fui prefeita [durante] oito anos. Eleita, reeleita no primeiro turno como fato inédito aqui na cidade, [que] nunca teve ninguém reeleito no primeiro turno“.
O fantasma do bolsonarismo
O fantasma do bolsonarismo também foi ressuscitado pela pré-candidata do PT à prefeitura de Fortaleza, sugerindo uma eventual aproximação com o PDT a fim de combatê-lo: “O prefeito José Sarto (PDT) está se recuperando, recuperando sua gestão em vários aspectos. Assim, vai ser uma eleição onde também nós vamos ter aí o bolsonarista raiz que está se colocando, né?“, pontuou Luizianne.
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