Lula volta a tumultuar debate econômico
Em entrevista na noite de terça-feira, petista voltou a atacar o presidente do BC e defender redução de dividendos da Petrobras
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro, que será divulgado às 9h, pode afetar as expectativas para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima quarta-feira, dia 20.
Economistas, analistas e investidores ainda se dividem sobre qual a postura a ser adotada pelo colegiado para os movimentos futuros da política monetária. A polêmica gira em torno da manutenção da expressão “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões” (que indica dois cortes de 0,5 ponto percentual nos encontros seguintes).
Parte do mercado acredita que o colegiado pode mudar a linguagem para o singular, o que seria entendido como um indicador de que a autoridade monetária pretende reduzir o ritmo de cortes da Selic, o que levaria a uma taxa básica de juros mais alta que o antecipado no fim do ano.
Em entrevista ao SBT, na noite de segunda-feira, 12, Lula colocou mais lenha na fogueira cobrando mais agilidade do Banco Central na redução dos juros. De acordo com o petista, “não existe nenhuma explicação econômica” para o patamar da taxa Selic atual a não ser “a teimosia do presidente do Banco Central”.
A expectativa para a inflação, no entanto, é de aceleração em fevereiro para 0,79%, contra 0,42% em janeiro. Se o dado trouxer uma pressão inflacionária acima do esperado, é possível que parte do mercado comece a apostar em uma mudança na comunicação do Copom como sinalização de redução no ritmo de cortes.
(*Atualização 9h30: O IPCA ficou em 0,83% para fevereiro confirmando um pouco mais de pressão sobre os preções que o esperado. No entanto, a inflação de serviços, dado que tem sido acompanhado com atenção pelo BC, arrefeceu, o que deve reforçar a visão de manutenção da velocidade de redução da Selic)
Dividendos da Petrobras
Além diso, os negócios domésticos continuam reagindo à polêmica envolvendo a distribuição de dividendos da Petrobras. Em reunião entre o presidente Lula, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) e o presidente da Petrobras, Jeanl Paul Prates, não houve mudança sobre o tema.
Em entrevista após o encontro, Silveira e Haddad sinalizaram que o excedente de lucro ainda poderá ser distribuídos, em parte ou na totalidade, “em algum momento”. Além disso, os ministros também anunciaram que o Ministério da Fazenda terá um assento no Conselho da petroleira.
Alteração na meta fiscal?
Outro ponto importante para o dia é a discussão sobre a meta fiscal. De acordo com técnicos do governo ouvidos pela revista Exame, a equipe econômica estimará um déficit fiscal equivalente a 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) no relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado no dia 22, o que pode adiar ainda mais a alteração na meta para evitar as penalidades previstas no arcabouço fiscal para a fracasso em alcançar o objetivo.
Atualmente, o mercado estima que o ano deve se encerrar com as contas do governo apresentando um déficit primário próximo a 0,7% do PIB.
Agenda Econômica
Além disso, estão previstos para esta terça-feira, 12, a divulgação do Boletim Focus às 8h25 e o balanço de Energisa após o fechamento do mercado.
No cenário internacional, do CPI de fevereiro na Alemanha há poucas horas veio em linha com as estimativas dos economistas.
Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor deve apresentar um avanço de 0,4% em fevereiro, acelerando levemente em relação a janeiro (+0,3%). Na comparação anual, espera-se um aumento de 3,1%, repetindo o resultado do mês anterior. O núcleo do CPI deve ter um ganho mensal de 0,3%, enquanto a alta anual seria de 3,7%, abaixo do registrado em janeiro (3,9%).
No Japão, o presidente do BoJ (Banco do Japão), Kazuo Ueda, enviou mais um sinal de que a era dos juros negativos está prestes a acabar ao afirmar que, embora algumas estatísticas ainda mostrem sinais de fraqueza, a economia japonesa continua se recuperando gradualmente. Especula-se que o BoJ possa elevar as taxas de juros já na próxima reunião, encerrando assim um longo período de política ultraflexível.
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