Crusoé: O que falta ao Brasil para ser um país desenvolvido? Terceira parte
As universidades arrastaram para a Constituinte de 1988 a proibição de contratação de professores estrangeiros
Em dois artigos anteriores, focalizei a questão de saber por que o Brasil ainda é um país não desenvolvido (aqui, acesso à primeira e segunda partes). Pretendo focar agora, neste terceiro artigo, nos elementos estruturais e institucionais que obstam, e que já obstaram, a que o Brasil se apresente ao mundo como um país de renda média alta, sem os miseráveis que povoam as ruas, sem o flagelo da fome e sem tantos outros males históricos de nossas renitentes carências sociais.
Não faltam recursos naturais, os mais diversos, que ainda são abundantes, e o serão pelo futuro indefinido. Tampouco falta ao Brasil energia renovável, agora, e certamente nos anos à frente. A pirâmide demográfica ainda é positiva, mas já no movimento inverso ao do bônus, com uma tendência recente, e indesejável, à emigração de cérebros, por fatores não de todo obscuros. Os problemas principais radicam na baixa produtividade do capital humano, na insegurança jurídica e no caráter errático das políticas macroeconômicas e setoriais; por fim, há essa introversão protecionista historicamente persistente, que nos mantêm pouco inseridos nos circuitos mais dinâmicos da economia global.
São esses fatores gerais, alguns conjunturais, vários estruturais, desde muito tempo, que obstam ao Brasil a necessária ascensão a uma renda per capita bem mais próxima da média da OCDE do que ela é hoje, aparentemente estacionada no mesmo patamar desde a crise dos anos 1980. Cabe identificar o momento em que perdemos o passo.
Pode datar daquela década nossa renitente tendência à estagnação em baixos índices de crescimento econômico. Nos cinquenta anos anteriores, a despeito de recorrências inflacionárias persistentes, o Brasil tinha se caracterizado por níveis altamente favoráveis de crescimento do PIB, embora com certa tendência ao aumento das desigualdades, o que de certa forma estava conforme à curva de Kuznets, o famoso U invertido, segundo o qual as forças de mercado em expansão primeiro aumentam, depois diminuem a desigualdade econômica entre os estratos sociais. Os militares deram o golpe em 1964 – mais contra a inflação do que contra um improvável comunismo – com a economia brasileira ainda situada na terceira dezena dos PIBs mais relevantes, e o deixaram num patamar 50% mais elevado. Depois ainda conseguimos pular para baixo da barreira das dez economias mais importantes.
Mas,…
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