O batismo eleitoral de Ricardo Nunes
Prefeito de São Paulo há quase três anos, Nunes viu um inquérito policial de três décadas ser desenterrado nesta semana; e a campanha nem começou
Ricardo Nunes (MDB) é prefeito de São Paulo há quase três anos, desde a morte de Bruno Covas, mas só passou por seu batismo eleitoral nesta semana. O pré-candidato à reeleição, que ainda luta pelo apoio declarado de Jair Bolsonaro e encostou no desafiante Guilherme Boulos (PSOL-SP) nas pesquisas após Ricardo Salles (PL-SP) sair do páreo, viu uma antiga investigação policial ser desenterrada na quinta-feira, 29.
Nunes tem um antecedente. Envolveu-se em um caso de disparos de arma de fogo em frente ao Caipirão, uma casa noturna em Embu das Artes, em 1996, quando tinha 28 anos. Um segurança do estabelecimento diz que o viu disparar a arma após ter ouvido outro barulho de tiro.
Na ocorrência, o atual prefeito de São Paulo negou que tenha efetuado qualquer disparo, que atribuiu ao amigo Marcio Gonzales Garcia, conhecido como “Bexiga”, em nome de quem a arma estava registrada. Garcia nunca apareceu para esclarecer a história.
Moderado?
Nunes foi denunciado no ano seguinte por porte de arma sem licença e por disparo de arma de fogo em local público ou habitado, e virou réu. O caso foi encerrado em 1998, com a doação de canecas plásticas ao serviço social de Itapecerica da Serra (SP).
Além de projetar uma aura de irresponsabilidade sobre o prefeito, que boa parte dos eleitores da capital paulista ainda não conhece direito, o caso lhe traz um constrangimento extra: Nunes foi associado a uma arma num momento em que tenta atrair o armamentista Bolsonaro para sua campanha e, o mesmo tempo, manter o discurso da moderação contra o radical Boulos.
“Ilações maliciosas“
Nunes se diz atacado. “Pior do que uma mentira é uma meia verdade associada a ilações maliciosas. Pegam um fato que aconteceu há quase 30 anos, e tentam dar a ele uma versão absurda. Este caso foi arquivado há décadas. Esta é mais uma fake news. A arma sequer era minha e o assunto foi encerrado pela própria Justiça”, defende-se o prefeito, que já tinha disponibilizado a mesma certidão de antecedentes quando candidato a vice-prefeito, em 2020.
Agora é diferente. Nunes é o cabeça da chapa e está tecnicamente empatado com Boulos nas pesquisas.
É parte do jogo político. O eleitor merece conhecer cada detalhe do passado dos candidatos que pedem seu voto. A favor de Nunes está o fato de que o incidente é antigo e de menor gravidade. Mas a campanha está apenas começando e o paulistano ainda tem muito a saber sobre seu prefeito.
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