Crusoé: Lula parou a guerra? Ou foi Bolsonaro?
Devotos de líderes populistas tendem a achar que eles têm superpoderes, ainda que não mudem o rumo dos fatos
Devotos de líderes populistas tendem a achar que seus admirados têm superpoderes, ainda que sejam incapazes de mudar o rumo dos acontecimentos.
Nesta terça, 27, o deputado federal petista Lindbergh Farias divulgou uma mensagem na rede X dizendo que “o presidente Joe Biden espera cessar-fogo na Faixa de Gaza até próxima segunda-feira! Discurso contundente de Lula sobre genocídio sacudiu o mundo. Lula parou a guerra!“, escreveu Lindbergh.
O “discurso contundente” de que fala Lindbergh é a comparação infeliz que Lula fez entre o Holocausto de judeus e a ofensiva contra o Hamas. A fala foi reprovada por americanos, europeus e israelenses. Mesmo assim, Lindbergh acredita que ela teve acabou com o conflito.
No entanto, a guerra continua e, um dia depois de sua postagem, um acordo de cessar-fogo ainda não foi anunciado.
A fala nonsense de Lindbergh espelha a de bolsonaristas nas redes sociais em fevereiro de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro visitou Vladimir Putin em Moscou.
Na ocasião, Bolsonaro encontrou-se com o russo e afirmou: “O mundo é nossa casa e Deus está acima de nós“. Imediatamente, a claque bolsonarista publicou mensagens e memes nas redes sociais afirmando que o presidente brasileiro teria evitado um conflito bélico.
Em uma imagem, Bolsonaro aparecia vestido do herói Capitão América e a frase: “O Mito chegou e a guerra acabou” (foto).
A hastag #BolsonaroEvitouaGuerra tornou-se o assunto mais comentado no Twitter. Naquela época, Ricardo Salles encabeçou o movimento dizendo que Bolsonaro tinha evitado a guerra. Ele divulgou uma notícia falsa da rede CNN com o título “Bolsonaro evita a 3ª Guerra Mundial“. O canal precisou publicar uma nota negando a fake news.
Uma semana depois, tropas russas iniciaram a invasão da Ucrânia.
Pode-se dizer, então, que Ricardo Salles está para Bolsonaro, assim como Lindbergh Farias está para Lula.
Os dois vivem às custas dos seus mentores e disputam com os colegas para ver quem faz os elogios mais rasgados a eles.
Na bajulação ao petista, quem também brilhava era…
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