PF mais interessada em ouvir Bolsonaro sobre baleia do que golpe
Os investigadores dizem não haver razão para intimar Bolsonaro a explicar as falas sobre a minuta do golpe no ato de domingo, 25
Embora planeje utilizar as falas de Jair Bolsonaro (PL) no ato de domingo, 25, para reforçar tese de que o ex-presidente arquitetou um golpe de Estado, a Polícia Federal não deve chamá-lo para um novo depoimento.
Segundo a Folha de S.Paulo, os investigadores dizem não haver razão neste momento para intimar Bolsonaro novamente a participar de uma nova oitiva.
Na avaliação da PF, as provas coletadas até o momento independem de qualquer declaração pública do ex-presidente.
O ex-presidente, no entanto, será ouvido pela PF nesta terça-feira, 27 pela sétima vez desde que deixou o Palácio do Planalto, no inquérito que apura a importunação de uma baleia em São Sebastião, no litoral de São Paulo.
PF vai reforçar a tese da ‘minuta do golpe’
Como mostrou O Antagonista, investigadores da Polícia Federal responsáveis pelas apurações sobre a existência de um plano para se dar um golpe de estado no Brasil vão usar as falas do ex-presidente Jair Bolsonaro durante os atos de domingo, 25, para reforçar a tese de que, de fato, se arquitetou uma virada de mesa institucional no final de 2022.
Segundo os integrantes da PF, já há elementos para implicar o ex-presidente, na pior das hipóteses, no crime de tentativa de golpe de estado. Neste caso, especificamente, o fato de se planejar ou fazer parte de uma artimanha para se reverter a democracia já pode ser configurado como crime. Esse crime está previsto no artigo 350 do Código Penal.
Durante as manifestações na Paulista, o ex-presidente não negou as supostas tramas em seu discurso. Só deixou claro que “golpe é tanque na rua”.
“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, declarou o ex-presidente. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência.”
Conforme a análise da PF, essa frase confirma a tese de que o ex-presidente não somente teve acesso à minuta do golpe, como chegou a discutir a aplicação dela ou não.
Bolsonaro silencia
Como se esperava, o ex-presidente Jair Bolsonaro ficou em silêncio durante a oitiva realizada na quinta-feira, 22, pela Polícia Federal.
De acordo com informações da PF, o ex-mandatário ficou menos de 30 minutos na sede da PF, em Brasília.
“Quero deixar claro que esse silêncio não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”, disse Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro.
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