Felippe Hermes na Crusoé: Javier Milei de Oliveira Tanzi alcança o superávit
Durante os anos 80, dois economistas, o italiano Vito Tanzi e o argentino Júlio Oliveira, se debruçaram sobre o papel da inflação nas contas públicas. Milei sabe bem disso. E faz bom uso
Javier Milei é economista por formação, de uma vertente Austríaca, a famosa escola ligada a um dos pais da economia moderna, Carl Menger.
Você pode achar que este é um fator desprezível, afinal, o Brasil teve apenas dois presidentes economistas: Dilma Rousseff e Fernando Collor. Mas, de fato, na Argentina, o caso parece ser o contrário.
Milei tem uma profunda base ideológica e teórica na economia, o que o distancia de políticos eleitos que precisam tomar para si ideias alheias ou consultar um posto Ipiranga. O resultado disso é que a tomada de decisões e o alinhamento junto a seus ministros tende a ser muito mais rápido.
Ao mesmo tempo, Javier Milei não possui experiência prática, como seu ídolo Donald Trump, que focou toda sua presidência em impor um ritmo de negociações, com métodos não tão ortodoxos, que lhe deu fama. Para compensar, Milei criou uma persona (neste caso grata), que cativa o eleitorado. Trata-se de algo útil, afinal, o remédio que ele propõe é amargo.
Em seus dois primeiros meses, Milei apresentou centenas de propostas, todas condensadas em único projeto que agora enfrenta o Congresso (ao que se sabe, até o momento Milei ainda não acusou Cecília Moreau, a presidente da Câmara, de não deixá-lo trabalhar. Um avanço).
Mas há um campo no qual Milei pode agir sem depender do Congresso. Possivelmente o campo mais relevante em todo seu projeto de ajuste: a moeda.
A moeda é, em essência, um instrumento com três objetivos: ser um meio de troca, uma reserva de valor e uma unidade de conta. Mas com um ingrediente especial: ela é usada para pagar impostos. Não fosse este ingrediente, os argentinos muito possivelmente usariam com ainda mais frequência sua própria moeda (o dólar), em vez da moeda do governo (o peso).
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