Maciçamente, a comunidade científica divulgou recentemente a descoberta de uma nova espécie animal, o gato-nebuloso (Leopardus pardinoides). Até então, esse felino era considerado uma subespécie, mas de acordo com um artigo publicado na revista Nature por mais de 40 pesquisadores, o gato-nebuloso se eleva à categoria de espécie plena, juntando-se ao gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e ao gato-do-mato-pequeno-do-sul (Leopardus guttulus).

Nova espécie divulgada pelo Tiger Cats Conservation Initiative (TCCI)

O anúncio desta descoberta inédita é resultado dos esforços de um grupo de conservacionistas que dedicam seu trabalho à proteção das três espécies de gatos pertencentes ao complexo tigrinus, no âmbito da iniciativa de conservação Tiger Cats Conservation Initiative (TCCI).

O biólogo Tadeu Oliveira, especialista em felinos neotropicais, relata o caminho que levou à descoberta: “Inicialmente tínhamos apenas a pele de museu do animal, o que dificultava a identificação de diferenças. Mas, com a disponibilidade crescente de materiais de armadilhas fotográficas na natureza, nosso trabalho se tornou muito mais facilitado. Eu tenho coletado dados desde 2000 e só agora conseguimos provar que se trata de uma espécie diferente para a ciência.”

Características distintas e áreas de ocorrência

O gato-nebuloso ganhou esse nome devido às suas rosetas, padrões de coloração na pelagem do animal, serem desproporcionais e sem um tamanho padrão, assemelhando-se a nuvens.

De acordo com o estudo, o gato-nebuloso tem pelagem mais alaranjada e brilhante, com marcas rosetas maiores em relação ao gato-do-mato-pequeno e ao gato-do-mato-pequeno-do-sul.

Em termos de habitat, o gato-nebuloso habita florestas nebulosas nas cadeias montanhosas do sul da América Central e das matas andinas até o noroeste da Argentina, enquanto o gato-do-mato-pequeno prefere áreas abertas e densas no centro/nordeste do Brasil.

Conservação e proteção necessárias

Apesar das descobertas e estudos, as três espécies de gato estão ameaçadas de extinção devido à crescente devastação de seus habitats naturais.

A conclusão do estudo publicado na revista Nature alerta para a necessidade de medidas de conservação, especialmente quando dois dos felinos, o gato-do-mato-pequeno e o gato-do-mato-pequeno-do-sul, dependem majoritariamente de territórios brasileiros para sua existência.

Com 98% da área do gato-do-mato-pequeno e 93% do gato-do-mato-pequeno-do-sul no Brasil, a conservação do habitat desses felinos no país se torna uma responsabilidade de proporções internacionais, destacando a relevância do papel do Brasil na proteção dessas espécies.