Em 22 de novembro, o presidente americano Joe Biden nomeou Jerome Powell para um segundo mandato como presidente do Federal Reserve, a instituição financeira central dos Estados Unidos. Paralelamente, ele nomeou Lael Brainard como vice-presidente, uma mudança que provocou alvoroço no cenário econômico mundial.

Quem é Lael Brainard?

Economista formada pela Universidade de Harvard, Brainard tem sido uma figura proeminente no Federal Reserve desde 2014. Anteriormente, ela ocupou vários cargos de alto escalão no governo americano, tendo servido como subsecretária do Tesouro para Assuntos Internacionais na administração Obama – função que, em essência, a transformou na principal diplomata econômica do país.

A visão econômica de Lael Brainard

Na sua função atual, Brainard tem defendido veementemente um controle mais rígido sobre a indústria financeira. Em outubro passado, ela criticou uma redução nos requisitos de liquidez para bancos, argumentando que é necessário manter uma reserva de dinheiro para evitar que problemas bancários causem um “risco sério de contágio” para a economia mais ampla.

Suporte progressista e obstáculos

Brainard conseguiu o apoio significativo da ala progressista do Partido Democrata americano. A influente senadora Elizabeth Warren elogiou Brainard por suas “dissensões fortes e poderosas”. Entretanto, também enfrentou críticas de democratas de esquerda por seu papel na administração Obama, quando ajudou a criar acordos comerciais considerados prejudiciais aos trabalhadores. Seu compromisso ambiental também foi questionado.

Perspectivas para a política monetária

Com a reeleição de Powell, não se espera grandes mudanças na administração da política monetária, que é o aspecto mais decisivo do trabalho do Federal Reserve. Powell tem sido bastante dovish e está orientando o banco central para um aperto gradual, embora a inflação esteja acelerando a um ritmo não visto há mais de uma década. Acredita-se que Brainard possa ser mais cautelosa e adiar o fim da política monetária ultra-expansionista do Fed. No entanto, como vice-presidente, seu voto será apenas um entre os 12 membros do comitê de definição das taxas de juros.

Um compromisso com continuidade

A decisão de Biden de promover Brainard é vista como um compromisso: agrada aos mercados com a continuidade representada pela presidência de Powell e concede aos progressistas uma posição mais destacada na gestão do Federal Reserve, mesmo que não seja o cargo mais importante na economia global.