“Fúria bolivariana”: ativista venezuelana detida em centro de tortura
Dezenas de organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos protestaram em Caracas, nesta quarta-feira, 14 de fevereiro, contra a detenção e o desaparecimento da ativista Rocío San Miguel
Dezenas de organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos protestaram em Caracas, nesta quarta-feira, 14 de fevereiro, contra a detenção e o desaparecimento da ativista Rocío San Miguel.
Rocío San Miguel se preparava para viajar quando foi presa, no principal aeroporto da Venezuela. Desde então, está há mais de 100 horas incomunicável, conforme denúncia de seus advogados.
À prisão de San Miguel, que é presidente da ONG Controle Cidadão, que registra violações dos direitos humanos, seguiram-se as de cinco de seus parentes, alguns dos quais foram posteriormente liberados sob condições.
O caso é acompanhado com preocupação pelo escritório de Direitos Humanos da ONU e pelo governo dos Estados Unidos.
Centro de tortura
Os advogados não conseguiram ainda estabelecer contato com San Miguel, apesar de o procurador do regime, Tarek William Saab, ter garantido que ela já foi acusada e levada para El Helicoide, o maior centro de tortura do chavismo.
“Em El Helicoide mulheres são estupradas; Rocío San Miguel está em um centro de tortura e não sabemos em que condições”, denunciou Víctor Navarro, presidente da ONG Vozes da Memória.
Nem os familiares tiveram informações sobre o seu estado de saúde, nem sobre o ex-companheiro de Rocío, Alejandro Gonzáles, que também foi detido.
As organizações manifestaram o seu apoio a San Miguel e apresentaram um documento às Nações Unidas, exigindo uma declaração.
Laura Santacruz e Martha Tineo, defensoras dos direitos humanos que estiveram presentes na reunião, descreveram a prisão de San Miguel como “um ataque frontal e feroz contra o movimento pelos direitos humanos na Venezuela”.
Os ativistas afirmaram no protesto que não aceitarão supostas confissões de San Miguel, apresentadas sob coação, pelo procurador Saab, uma vez que é um fato público e notório o que o regime faz para incriminar seus opositores.
Fúria bolivariana
Na noite de quarta-feira, 14 de fevereiro, os tribunais do regime executaram ordem de confisco da casa da ativista de Direitos Humanos, Rocío San Miguel
O confisco de bens ocorre quando se determina que são bens utilizados para financiar o terrorismo. O regime de Maduro está levando a cabo uma onda de detenções sob o nome de “Fúria Bolivariana”, sob a desculpa de um alegado plano de conspiração revelado em dezembro passado;
Na casa de San Miguel, localizada no leste de Caracas, estava sua filha Miranda, que foi libertada sob condições após ser detida e acusada e encobrir a mãe.
O pai de Miranda e dois tios dela, irmãos de Rocío San Miguel, também foram detidos e depois libertados com medidas cautelares como regime de apresentação, proibição de sair do país e proibição de falar à imprensa.
Quem é Rocío San Miguel?
Rócio San Miguel é uma advogada venezuelana de 57 anos, diretora da ONG Controle Cidadão, ativista e defensora dos direitos humanos.
San Miguel é formada em Direito na Universidade Central da Venezuela (UCV), onde também fez uma pós graduação em Direito Internacional, Econômico e de Integração. Ela também estudou no Centro William J. Perry de Estudos de Defesa Hemisférica, o qual expressou seu repúdio à detenção de sua ex-aluna.
San Miguel era professora de Direitos Humanos da UCV, e considerada a acadêmica que melhor conhece em seu país toda a legislação referente ao mundo militar.
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