Crusoé: como é o Carnaval na cidade de Buenos Aires
Celebração porteña é bem menor que as das maiores cidades do Brasil, mas não deixa de mobilizar pessoas e de ser uma festa
Como qualquer lugar de tradição católica, especialmente na América Latina, a cidade de Buenos Aires também comemora o Carnaval no início do ano.
De fato, a celebração porteña é bem menor que as das maiores cidades do Brasil.
Enquanto São Paulo tinha confirmados 536 blocos em 2024, Buenos Aires tem apenas 15 corsos (leia abaixo).
Todavia, e como sabem os brasileiros, um bloco pode já ser suficiente para a festa.
O que são as murgas e os corsos?
O Carnaval porteño, que não é a única festividade da Argentina nesse período — a celebrações regionais ao norte —, é composto por murgas e corsos.
As murgas são um estilo de apresentação musical-teatral latina presente no Carnaval da cidade de Buenos Aires desde os anos 1920.
É assim também que são chamados os grupos carnavalescos da cidade, todos ligados a bairros. Eles são o mais próximo de uma escola de samba mas não são profissionalizados.
Os corsos, por sua vez, são os desfiles, em si, e equivalem aos blocos de rua, mas com algumas diferenças, a principal sendo que apenas as murgas desfilam.
O restante dos foliões porteños, que envolvem mais famílias e crianças do que um bloco brasileiro padrão, prestigiam as murgas e festejam nos limites do desfile.
Cena comum é as crianças atirando spray de espuma entre si.
No corso do bairro de Villa Crespo, quem vende os sprays de espuma são María, de 34 anos, e Paula, de 33. Moradoras do bairro, elas trabalham no corso local há oito anos.
“A festa me encanta. Parece-me que é algo que se deve ter sempre presente, que é preciso ocupar a rua, que é preciso vir desfrutar desses momentos”, diz María.
“Está um pouco ventoso, mas geralmente é uma festa”, acrescenta em referência ao tempo. Uma ventania baixou a temperatura máxima a 24 ºC e a mínima a 14 ºC na segunda-feira, 12 de fevereiro.
Um dos responsáveis pela organização do corso de Villa Crespo é o músico David Beltrán Núñez, de 65 anos.
Ele fundou a murga do bairro, chamada Los Movedizos, em 1997, depois de passar um ano em Salvador, na Bahia.
“Eu via como a cultura baiana se expressava, seu folclore, seu Carnaval. Eu me perguntava: ‘onde poderia encontrar isso em Buenos Aires?’. E encontrei na murga essa identidade”, diz Beltrán Núñez.
“É uma forma artística para os porteños se expressarem. No Brasil, o Carnaval pode ser muito mais organizado, mas aqui é bem participativo”, acrescenta.
Como é um Carnaval porteño?
Crusoé esteve no corso de Villa Crespo na segunda, 12 de fevereiro. A rua foi fechada às 17h, mas os desfiles começaram apenas às 19h e duraram até às 2h da terça, 13.
O início é marcado pela ausência de pessoas. Um turista suíço chamado Hans, na casa dos 60 anos, perguntava: “É só isso?”.
Mas, como antecipou Beltrán Núñez, o corso encheu a partir de 20h e lotou às 21h30, quando começou…
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