PF suspeita que Braga Netto antecipou plano ao cercadinho
O ex-ministro da Defesa assumiu o lugar de Jair Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada após o segundo turno de 2022
O ex-candidato à vice-presidência da República Walter Braga Netto disse a apoiadores de Jair Bolsonaro que eles “não perdessem a fé” um mês antes de ele ter sido flagrado pela PF trocando mensagens que sugerem a articulação de um golpe de Estado.
Após o segundo turno das eleições de 2022, Braga Netto assumiu o lugar de Jair Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada. Em 18 de novembro, ele conversou com apoiadores e, em uma publicação no stories de Instagram, ele afirmou: “O presidente está bem, está recebendo gente, não tem problema nenhum”, disse o militar. “Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”, disse Braga Netto aos apoiadores.
A frase, durante muito tempo, foi considerada um dos indícios pela PF de que Walter estava, naquele momento, se referindo a um suposto plano golpista. Mas, até agora, não havia indícios concretos sobre essa suspeita.
Eleição de 2022
Na época, Bolsonaro não havia reconhecido a vitória de Lula e, desde então, estava reunido apenas com integrantes do núcleo duro do seu governo.
Entretanto, com a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, houve uma mudança de rota nas investigações, conforme policiais federais ouvidos por O Antagonista. Para os agentes, a tal frase “não percam a fé” se referia justamente a planos do grupo para tentar se reverter o resultado das eleições.
O ministro do STF Alexandre de Moraes afirma, com base nas mensagens apreendidas pela Polícia Federal, que Braga Netto e o capitão reformado Ailton Barros teria aderido a uma tentativa de golpe de estado, “com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”.
“Omissão e indecisão“
As mensagens citadas datam entre os dias 15 e 17 de dezembro – um mês após o “não percam a fé”.
“O investigado Walter Souza Braga Neto, inclusive, chegou a encaminhar para Ailton Gonçalves Moraes Barros mensagem que teria recebido de um ” FE” (Forças Especiais), [ com a seguinte afirmação: ‘Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do general Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente’”, ilustra Moraes.
“Ainda no 15/12/2022, o investigado Walter Souza Braga Neto enviou mensagem para Ailton Gonçalves Moraes Barros, orientando-o a atacar o Tenente-Brigadeiro Baptista Júnior, a quem adjetivou de ‘Traidor da pátria’, e elogiar o Almirante-de-Esquadra Almir Garnier Santos”, afirma Moraes.
“As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador Mauro Cid, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante Almir Garnier, em reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, anuiu com o golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente”, conclui o ministro do STF.
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