De Berlim para Toffoli: “Não seremos intimidados” com “retaliação”
Em nota, a Transparência Internacional lamentou testemunhar "ações judiciais baseadas em acusações infundadas e informações falsas"
A matriz da Transparência Internacional, em Berlim, apontou a escalada das “retaliações injustas” ao trabalho anticorrupção da unidade brasileira da ONG, com a decisão de Dias Toffoli de coletar documentos para investigar a TI.
Em nota, o presidente da organização, François Valérian, disse que a Transparência Internacional jamais será intimidada e reforçou o compromisso de combater a corrupção.
Leia a íntegra da nota:
“A Transparência Internacional denuncia veementemente as retaliações injustas que enfrenta em resposta ao seu trabalho anticorrupção no Brasil. A situação escalou para um nível perturbador na sequência da ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal para iniciar uma investigação contra a Transparência Internacional, com base em desinformação.
A decisão do ministro Dias Toffoli ocorre uma semana após a publicação pela Transparência Internacional de seu Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, que destacou retrocessos na luta do Brasil contra a corrupção. A análise da Transparência Internacional apontou especificamente para a recente decisão do ministro de invalidar todas as evidências do acordo de leniência da Odebrecht e suspender a multa multimilionária para esquemas de corrupção em grande escala contra este grupo de construção, hoje conhecido como Novonor, e J&F investimento, controladora da JBS – o maior produtor mundial de carne bovina e de frango.
É lamentável testemunhar ações judiciais baseadas em acusações infundadas e informações falsas, reprimindo os esforços da sociedade civil para expor a corrupção e a influência desenfreada dos poderosos.
Estes ataques infundados, decorrentes de alegações imprecisas e informações falsas, afirmam que a Transparência Internacional recebeu fundos dos acordos de leniência após a Operação Lava Jato – uma investigação de corrupção que expôs um enorme esquema de corrupção dentro de empresas estatais brasileiras há quase uma década.
A Transparência Internacional nunca recebeu nem jamais teria qualquer papel de gestão sobre quaisquer fundos provenientes de tais acordos. Nossa organização, nossa divisão brasileira e as autoridades brasileiras refutaram consistentemente essas falsas alegações. Apesar da informação prontamente disponível, as campanhas de difamação continuam inabaláveis e estão, de fato, intensificando-se.
François Valérian, presidente da Transparência Internacional, disse:
‘Manifestamos nossa total confiança e apoio à nossa divisão brasileira diante de mais um ataque. Vale ressaltar que este pedido de investigação coincidiu com a publicação do Índice de Percepção de Corrupção uma semana antes. A publicação foi acompanhada de fortes críticas da divisão brasileira, destacando as decisões do judiciário que perpetuaram a impunidade generalizada para esquemas de corrupção em grande escala que afetam vários países.
Estes ataques reforçam o papel crucial do trabalho da Transparência Internacional no Brasil para manter o poder sob controle. Não seremos intimidados e o nosso compromisso de nos manifestarmos contra a corrupção permanece firme’.”
Quem é o presidente da Transparência Internacional?
François Valérian é francês e foi eleito presidente da TI em 2023. Era membro, desde 2019, do Conselho Internacional e, desde 2013, do conselho da unidade francesa da TI, onde atuou focado em fluxos financeiros ilícitos, integridade política e litígio estratégico.
Ele foi o editor-chefe de uma revista econômica e professor associado de finanças. É autor de diversos livros e artigos, formado pela École Polytechnique e École des Mines de Paris, e possui doutorado em História.
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