Dublê de “Lobo de Wall Street” volta preso ao Brasil
O acusado estava na lista de foragidos da Interpol desde março do ano passado, quando foi deflagrada a operação "Lobo de Wall Street"
O primeiro extraditado (foto à direita) da operação O Lobo de Wall Street chegou a Brasília na tarde desta quinta-feira, 1°, vindo de Lisboa. Ele é acusado de fazer parte de uma organização criminosa sediada em Portugal que controlava supostas empresas de investimento no mercado financeiro, com o objetivo de aplicar golpes em brasileiros.
A ação, liderada pela 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), desmantelou a quadrilha que enganava suas vítimas por meio do golpe dos falsos investimentos na bolsa de valores, conhecido como Ghost-Brokers.
“Depois de quase um ano de investigações e muito trabalho, tivemos hoje a satisfação de recepcionar um dos criminosos já na saída do avião. Não conseguimos recuperar todos os ativos desviados das milhares de vítimas espalhadas por todo o Brasil, mas que, pelo menos, elas possam ter um pouco de paz e a satisfação de que algo foi feito e os responsáveis não saíram ilesos”, explicou o delegado Erick Sallum, da 9ª DP
Em março do ano passado, em uma operação conjunta com a Interpol, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva, bloqueio de contas bancárias, apreensão de criptomoedas e derrubada de sites.
O brasileiro extraditado
O brasileiro extraditado foi encaminhado para a ala federal do Complexo Penitenciário da Papuda. Os demais presos ainda estão em Portugal, aguardando as próximas ordens de extradição intermediadas pelo Ministério da Justiça.
Segundo reportagem do O Globo, um cidadão tcheco que reside em Lisboa montou um escritório fictício registrado como empresa de publicidade em Portugal. No entanto, o verdadeiro propósito desse negócio era vender falsos investimentos na bolsa de valores por meio de corretoras fantasmas. O líder da quadrilha foi detido no Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, quando tentava fugir.
“O Lobo de Wall Street”
O grupo criminoso se inspirou no filme O Lobo de Wall Street para atrair suas vítimas, algumas das quais perderam até R$ 1 milhão. O call center da organização era composto por quatro sedes e empregava centenas de brasileiros, muitos dos quais imigrantes ilegais.
Esses indivíduos eram contratados para prestar serviços de marketing e promoção, com um salário de €750. Os melhores vendedores recebiam uma comissão de US$ 50 sobre os depósitos feitos pelas vítimas.
Como a quadrilha selecionava as vítimas
A contratação preferencial desse público ocorria devido à necessidade de pessoas fluentes em português, já que o grupo assediava e buscava suas vítimas apenas no Brasil.
As empresas fictícias mudavam constantemente de nome, e os golpes eram concentrados em chamadas telefônicas feitas durante o horário comercial brasileiro.
O valor mínimo de investimento era de US$ 200 (cerca de mil reais) e servia para ativar uma conta fraudulenta na corretora. Após a abertura da conta e o primeiro depósito, o cliente passava a ser atendido por um suposto especialista, que tentava extorquir mais dinheiro da vítima simulando ganhos.
Muitos foram incentivados a fazer empréstimos, relatou o funcionário. Quando o cliente decidia sacar seu dinheiro, era informado de que havia perdido tudo em um investimento ruim.
Para dar uma aparência de legitimidade e fazer com que as vítimas acreditassem se tratar de um investimento real, os criminosos criaram várias páginas falsas de empresas na internet, como Paxton Trade, Ipromarkets, Ventus Inc, Glastrox, Fgmarkets, 555 Markets e ZetaTraders.
As vítimas se cadastravam nessas páginas e usavam um aplicativo para realizar os supostos investimentos. No entanto, esses recursos financeiros nunca chegavam de fato ao mercado de valores.
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