PF investiga ação da Abin para proteger filhos de Bolsonaro PF investiga ação da Abin para proteger filhos de Bolsonaro
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PF investiga ação da Abin para proteger filhos de Bolsonaro

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5 minutos de leitura 25.01.2024 15:27 comentários
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PF investiga ação da Abin para proteger filhos de Bolsonaro

A Polícia Federal apura indícios de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria montado uma operação paralela com o objetivo de evitar que Jair Renan Bolsonaro, filho do...

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PF investiga ação da Abin para proteger filhos de Bolsonaro
Foto: Reprodução/Twitter/Eduardo Bolsonaro

A Polícia Federal apura indícios de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria montado uma operação paralela com o objetivo de evitar que Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, fosse investigado por suspeitas de tráfico de influência no governo. A investigação sobre o possível tráfico de influência de Jair Renan acabou sendo arquivada.

A investigação da PF, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, “aponta para o fato de que a alta direção da Abin, exercida por policiais federais cedidos ao órgão durante a gestão do então diretor-geral, Alexandre Ramagem, teria instrumentalizado a mais alta agência de inteligência brasileira para fins ilícitos de monitoramento de alvos de interesse político, bem como de autoridades públicas, sem a necessária autorização judicial”.

A ferramenta de inteligência First Mile, adquirida por aproximadamente 5 milhões de reais, foi “utilizada para monitorar sujeitos sem qualquer pertinência com as atribuições institucionais da Abin”, de acordo com a decisão que autorizou 21 mandados de busca e apreensão na investigação sobre a Abin paralela, que atingiu o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ)..

“Sem ordens formais”

Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), as consultas eram feitas “sem ordens formais, prevenindo-se rastro material das atividade ilícitas”. “O resultado dos serviços do FirstMile monitoramento de dispositivos de telefones móveis para se acompanhar, em tempo real, a localização do alvo investigado e se registrar o histórico dos seus percursos podia ensejar a produção de dossiês com informações sigilosas, destinados a uso político e midiático e à obtenção de proveito pessoal”, diz o parecer da Procuradoria, citado por Moraes.

Já havia sido apontado pela PF que uma ação da Abin atrapalhara as investigações sobre o filho de Bolsonaro. Agora, os policiais encontraram elementos que indicam que a motivação por trás dessa ação era tentar livrar o filho do presidente das suspeitas e incriminar seu ex-parceiro comercial Allan Lucena.

O escritório

Jair Renan abriu um escritório no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e passou a atuar em parceria com Lucena para buscar patrocinadores interessados em investir no negócio do filho do presidente.

Durante as investigações da PF na época, a Abin passou a monitorar as atividades do ex-personal trainer de Jair Renan. Essa ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um membro da Abin dentro do estacionamento do ex-sócio do filho do presidente.

Diz o despacho do ministro do STF Alexandre de Moraes: “Os policiais federais destacados, sob a direção de ALEXANDRE RAMAGEM, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de RENAN BOLSONARO, filho do então Presidente JAIR BOLSONARO“.

Depoimento

Ao prestar esclarecimentos à PF, o agente da Abin informou que recebeu a missão de um auxiliar de Ramagem para obter informações sobre um carro elétrico avaliado em 90 mil reais, que teria sido doado ao filho do ex-presidente e a seu personal trainer. O veículo foi dado por um empresário do Espírito Santo interessado em obter acesso ao governo.

Segundo o agente da PF acusado de vigiar Lucena, o objetivo era descobrir quem estava utilizando o veículo. O empresário chegou a ter uma reunião com o então ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional.

A diligência se deu como o objetivo de produzir provas da posse de determinado veículo por parte de um dos principais investigados – sócio de Renan Bolsonaro. O policial federal foi flagrado filmando o investigado, ao ponto deste registrar ocorrência policial por ameaça. A coordenadora-geral do Gabinete ao tempo dos fatos esclareceu o evento, bem como as relações de subordinação dos policiais federais, ao tempo, cedidos à ABIN“, disse Moraes no despacho.

Ao analisar o caso, a PF afirmou em um relatório que a Abin interferiu nas investigações e que, após a operação ser descoberta, o ex-personal trainer decidiu devolver o automóvel elétrico. Essa diligência, portanto, prejudicou as investigações em andamento, pois mudou o estado emocional do investigado, analisa a PF.

A “rachadinha” de Flávio Bolsonaro

O envolvimento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em investigações relacionadas aos filhos de Bolsonaro não é novidade. Durante a gestão de Ramagem, em 2020, a Abin participou de uma reunião no Palácio do Planalto para discutir o caso das “rachadinhas”, envolvendo o senador Flávio Bolsonaro.

A utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do Senador FLÁVIO BOLSONARO, sob responsabilidade de MARCELO BORMEVET, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA:

Ainda, segundo a representação policial (fls. 126/132), a publicação do site ‘The intercept Brasil’ I – exclusivo: a Abin paralela dos Bolsonaro”, divulgada em 12.12.2022, atribuiu a Marcelo Bormevet, policial federal coordenador de fração do Centro de Inteligência Nacional, a responsabilidade pela confecção de relatórios para subsidiar a defesa do Senador Flávio Bolsonaro em caso que ficou conhecido como ‘Rachadinhas’, com o que o órgão central de inteligência teria sido empregado para finalidades alheias às institucionais”, lembra o despacho.

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Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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