Agricultores europeus em cólera contra o “pacto verde”
Grandes bloqueios às estradas têm sido realizados na França, Alemanha, na Romênia e até na Espanha, revelando ao público a extensão da raiva dos agricultores europeus.
Grandes bloqueios às autoestradas têm sido realizados na França desde 22 de Janeiro, revelando ao público a extensão da raiva dos agricultores franceses.
“Não é bom ser dirigente sindical agrícola hoje em dia. Sentimos que há raiva e que será difícil contê-los”, observou Marc Dupouys, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas dos Pireneus Atlânticos.
Centena de agricultores do departamento reuniram-se desde a manhã de terça-feira, 23 de janeiro, bloqueando estradas estratégicas com tratores. “Quem semeia miséria, colhe raiva”, lê-se em um dos seus cartazes.
Desde agricultores em fim de carreira até jovens de escolas secundárias agrícolas, todos vieram expressar a sua indignação. O móbil do protesto é o receio de que a categoria não subsista face às novas regras ecológicas europeias e a sensação de negligência face aos produtos estrangeiros.
“Bloquearemos cada vez mais estradas até sermos ouvidos”
O que era uma ação local ganhou dimensão nacional, despertando a preocupação do governo: após o bloqueio da autoestrada A64 entre Toulouse e Baiona, na sexta-feira, 19 de janeiro, os agricultores aumentaram o número de bloqueios de estradas, no que chamam de movimento de “resistência agrícola”.
A revolta, rapidamente assumida pelos sindicatos, levou o novo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, a receber na segunda-feira, 23, representantes de vários sindicatos.
No final do encontro com o Primeiro-Ministro e o Ministro da Agricultura, Marc Fesneau, representantes da FNSEA e do sindicato dos Jovens Agricultores expressaram um problema com a “dignidade” da profissão. “Hoje, é de uma crise moral que estamos falando, é da incompreensão do mundo agrícola sobre qual é a realidade da sua ação.”
Nessa quarta-feira, 24 de janeiro, serão publicadas quarenta exigências claras expondo as principais razões da indignação do setor. Salários, regulamentações, impostos sobre combustíveis… Enquanto as ações dos agricultores aumentam, os manifestantes amplificam o leque de demandas.
Questionando as regulamentações europeias
Várias exigências da profissão estão relacionadas com a política seguida pela União Europeia em matéria de agricultura. A disputa também diz respeito a certos pactos de livre comércio celebrados pela UE, como o com o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai), nunca ratificados.
O Acordo Verde Europeu, um conjunto de medidas para a transição ecológica dos estados membros da UE, que inclui nomeadamente a redução dos pesticidas e o desenvolvimento da agricultura biológica, também é contestado.
O movimento não afeta apenas a França: na Alemanha, na Romênia e até na Espanha, as mobilizações dos agricultores estão aumentando.
Os agricultores se opõem ao famoso “pacto verde”, um tsunami regulatório que atingirá a agricultura europeia de um modo geral.
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