Putin pode atacar a OTAN, alerta ministro da Defesa da Alemanha
Em entrevista ao canal alemão Der Tagesspiegel, publicada sexta-feira, 19 de janeiro, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius alertou que Vladimir Putin poderá atacar a aliança militar da OTAN em menos de uma década.
Em entrevista ao canal alemão Der Tagesspiegel, publicada sexta-feira, 19 de janeiro, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius alertou que Vladimir Putin poderá atacar a aliança militar da OTAN em menos de uma década.
Embora um ataque russo não seja provável “por enquanto”, o ministro acrescentou: “Os nossos especialistas acreditam que em um período de cinco a oito anos isso poderá ser possível”.
“Ouvimos ameaças do Kremlin quase todos os dias… por isso temos de ter em conta que Vladimir Putin poderá até atacar um país da OTAN um dia“, disse Pistorius.
Após a invasão em grande escala da Ucrânia pelo Kremlin, a Rússia intensificou a sua retórica agressiva contra alguns dos seus vizinhos – incluindo os países bálticos e a Polônia, que são todos membros da OTAN, e a Moldávia – o que levou os principais responsáveis europeus da defesa a alertar para o risco de um grande conflito.
A Europa agora soa o alarme no meio da crescente preocupação de que as ameaças veladas do presidente russo contra a aliança militar possam se efetivar.
Suécia se prepara mentalmente para a guerra
Na quarta-feira, 17 de janeiro, o presidente do comitê militar de chefes nacionais da OTAN, almirante Rob Bauer, disse que a aliança militar enfrentava “o mundo mais perigoso em décadas” e apelou a uma “transformação da OTAN no combate”.
No início deste mês, o comandante-em-chefe da Suécia, general Micael Bydén, também apelou aos suecos para“se prepararem mentalmente” para a guerra.
No mesmo dia, o Ministro da Defesa Civil da Suécia, Carl-Oskar Bohlin, também alertou que “a guerra poderia chegar à Suécia”.
Na sua entrevista ao Der Tagesspiegel, Pistorius disse que os avisos suecos eram “compreensíveis do ponto de vista escandinavo”, acrescentando que a Suécia enfrentava “uma situação ainda mais grave”, dada a sua proximidade com a Rússia.
A suécia ainda não é membro da aliança da OTAN, mas está aguardando a aprovação da Turquia e da Hungria para aderir.
Polônia, Alemanha e Lituânia em alerta
A Polônia, que este ano gastará mais de 4% do seu PIB na defesa, também está preocupada com a imprevisibilidade da Rússia após o ataque inesperado à Ucrânia em 2022.
“A Rússia está desafiando a lógica. O que aconteceu em 2022 parecia impossível. Devemos estar preparados para qualquer cenário“, disse o ministro da Defesa, Władysław Kosiniak-Kamysz, numa entrevista televisiva no início desta semana.
No final do ano passado, a Alemanha renovou a sua doutrina militar e estratégica pela primeira vez desde 2011, com o objectivo de transformar a Bundeswehr (Forças Armadas unificadas da Alemanha) num exército capaz de guerra.
“A guerra regressou à Europa. A Alemanha e os seus aliados têm mais uma vez de lidar com uma ameaça militar. A ordem internacional está sob ataque na Europa e em todo o mundo. Estamos vivendo um ponto de inflexão“, dizia o primeiro parágrafo da nova doutrina.
O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, um crítico ferrenho de Putin que tem sido uma das vozes mais altas em apoio à Ucrânia na UE, pediu na quinta-feira, 18 de janeiro, que a Europa acelere os preparativos para a possibilidade de precisar conter mais agressões russas.
“Há uma chance de a Rússia não ser contida na Ucrânia”, disse Landsbergis à agência de notícias francesa AFP no Fórum Econômico Mundial em Davos. “Não há nenhum cenário em que, se a Ucrânia não vencer, isso possa acabar bem para a Europa”, alertou.
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