Monark banido do Youtube: e agora?
Monark está, pouco a pouco, se convertendo em um símbolo da internet brasileira. Símbolo de tudo o que não deve acontecer...
Monark está, pouco a pouco, se convertendo em um símbolo da internet brasileira. Símbolo de tudo o que não deve acontecer.
Agora ele foi banido do Youtube. Segundo o aviso oficial da plataforma no canal dele, infringiu regras da plataforma e, por isso, foi removido.
Não sabemos qual foi exatamente a regra que ele infringiu nem qual foi o conteúdo problemático. Ele alega não saber. A plataforma não detalhou.
Há um argumento liberal bastante simples fundado na natureza da iniciativa privada. O Youtube é uma empresa, tem regras e pode decidir quem tem ou não um canal. As coisas acabam não sendo tão simples por causa do timing.
O escândalo da Mynd8, que tem farta cobertura em O Antagonista, coincide cronologicamente. O tratamento tem sido completamente diferente. A falta de clareza de regras favorece teorias conspiratórias.
Se você for agora ao Youtube e pesquisar o nome de Monark, verá uma tonelada de vídeos. Não é ele o banido do Youtube, o canal que ele operava é que não pode mais existir.
Após o banimento, ele aparece entrevistando dois senadores, Eduardo Girão e Jorge Seif. Os dois parecem considerar o influencer um símbolo das restrições contra liberdade de expressão. As coisas escalam, sobem até o nível da atuação e do pronunciamento de autoridades públicas.
É uma discussão que interessa a todos, mas acaba capturada pela polarização política. Há coerência nesses pontos de vista, mas essa óptica dificulta a tarefa de encontrar uma solução. Melhor seria focar em regras, o que é ou não permitido independentemente de visão política.
Monark tem se tornado o símbolo de tudo o que não deveria acontecer na internet. As razões para ter sucessso e as razões para sofrer medidas rigorosas são todas questionáveis.
Até onde vai essa história toda? Difícil saber o limite, estamos diante de um universo completamente novo. As medidas admitidas ou não pela sociedade tendem a repercutir naquilo que será aplicado a todos.
Há quem diga que Monark ameaça a democracia brasileira. Se isso for real, nossa democracia faliu. Difícil compreender que Monark seja uma ameaça real até mesmo ao mandato de um síndico de prédio. Outros perfis, muito mais ameaçadores, não encontram reações semelhantes.
A armadilha está posta. O mais tentador é lidar com isso exclusivamente sob o ponto de vista ideológico. Não vai nos levar a lugar nenhum.
Seria mais racional e efetivo elencar condutas que são ou não permitidas. Isso englobaria tanto a ação nas redes quanto a organização econômica formada em torno disso. É, no entanto, um tema chato.
Temos uma escolha entre o frenesi de defender algo muito emocionante e a chatice de defender regras lúcidas que sejam válidas para todas as pessoas. Disso depende a liberdade nas redes. Nos resta esperar que a opção seja pela sabedoria.
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