Integrantes da executiva nacional do PT se irritaram com as manifestações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação a críticas que ele recebeu ao longo do ano por conta da condução da política econômica do governo Lula.

Em vários episódios, Haddad via-se como voz isolada no partido, ao defender uma maior austeridade fiscal em detrimento de uma política calcada na expansão de gastos.

Hoje, em entrevista ao jornal O Globo, Haddad afirmou:

“É curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver – declarou o ministro.”

Como mostramos há pouco, o deputado federal Lindberg Farias, marido de Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais criticar a fala de Haddad. O gesto foi visto por integrantes do PT como uma crítica da própria Gleisi, que é presidente nacional da sigla.

“Li com bastante atenção a entrevista de Fernando Haddad ao jornal O Globo hoje. A resolução do PT não fala que ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’. Pelo contrário, o Governo teve muitos acertos na área econômica, mas o déficit zero não é um deles”, disse Lindberg.

O partido divulgou neste ano uma resolução criticando a meta de déficit fiscal zero. O próprio presidente Lula disse que não defenderia esse déficit zero. Ele recuou após reações negativas do mercado e do Congresso.

Apesar do clima ruim, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, tentou atenuar o desconforto dentro do PT em entrevista à CNN Brasil. “É uma minoria no PT que tem críticas a ele. Não vejo esse sentimento nas bases e na militância”, disse Dirceu.

Na entrevista, Haddad também disse que Lula é nome de consenso para 2026. Apesar disso, o petista defendeu que o partido já prepare um sucessor ao atual presidente da República.

“Acredito que existe consenso dentro do PT e da base aliada sobre a candidatura do presidente Lula em 2026. Na minha opinião, é uma coisa que está bem pacificada. Não se discute”, afirmou Haddad ao jornal.