Governo sabia que J&F se beneficiaria de importação de energia da Venezuela
Os irmãos Batista, donos do grupo J&F, voltaram a ser figuras próximas ao centro do poder. Ao menos, é o que mostram os últimos acontecimentos relacionados a negócios em que figuram...
Os irmãos Batista, donos do grupo J&F, voltaram a ser figuras próximas ao centro do poder. Ao menos, é o que mostram os últimos acontecimentos relacionados a negócios em que figuram o grupo econômico e o Executivo. Como mostrado na edição da sexta-feira, 15, de Crusoé, a família Batista voltou a ser beneficiada em decisões no Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios, mas dessa vez o alvo é o setor de energia.
A importação de energia da Venezuela para abastecer o estado de Roraima vai ficar por conta da Âmbar Energia, braço do grupo J&F no setor. Como a Crusoé apontou, os preços a serem praticados pela empresa, no entanto, são até oito vezes mais altos que os praticados antes da interrupção do negócio em 2019.
A revista Piauí teve acesso a documentos que corroboram a percepção de que não houve simples coincidência no negócio.
“A documentação do caso mostra que a Âmbar está participando das tratativas ao menos desde março. No começo daquele mês, a empresa de Joesley enviou uma primeira carta ao Ministério de Minas e Energia avisando sobre o início das negociações comerciais com a empresa venezuelana. O governo brasileiro mencionou pela primeira vez a intenção de comprar energia do país vizinho em maio, mas nunca citou as conversas com a Âmbar“, aponta a publicação.
A proposta oficial da Âmbar ao governo só apareceu no mês seguinte à publicação de um decreto do presidente Lula autorizando o Brasil a comprar energia da Venezuela. O governo defende a medida comparando o preço da energia à obtida pelas termelétricas responsáveis pelo abastecimento do estado atualmente. No entanto, o fato de a movimentação da companhia em favor do negócio ser do conhecimento do Ministério de Minas e Energia reforça a necessidade de se colocar mais luz sobre a transação.
Na reportagem da semana passada, Crusoé alertava para o fato de a Âmbar ter sido a única a se apresentar para o processo de autorização da importação. “É de se estranhar que não haja concorrência em um negócio aparentemente tão lucrativo”, apontava o texto. Talvez não seja tão difícil de explicar.
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