Macron se alia à direita, racha o governo e salva lei de imigração
Le Pen votou a favor da lei do seu rival, enquanto os deputados macronistas votaram contra um texto que consideram uma traição aos seus valores. Ministros de Macron ameaçaram renunciar se a lei fosse aprovada.
Após dezoito meses de intensas negociações e inflamadas discussões, o texto sobre a imigração, endurecido sob influência dos partidos de direita, foi aprovado na noite de terça-feira, 19 de dezembro, após votação na Assembleia Nacional Francesa.
O texto foi aprovado com 349 votos a favor e 186 contra. Entre os votos a favor, estão os do partido direita Rassemblement Nacional (RN) e Les Républicains (LR). Do campo macronista, 20 deputados votaram contra e 17 se abstiveram.
Foi uma situação paradoxal: Le Pen, líder do RN, votou a favor da lei do seu rival, enquanto os deputados macronistas votaram contra um texto que consideram uma traição aos seus valores. Vários ministros de Macron ameaçaram renunciar se a lei fosse aprovada.
O Governo tinha apresentado um projeto inicial que tentava agradar à esquerda e à direita buscando “controlar a imigração e melhorar a integração”. No entanto, o texto final votado foi endurecido pela direita, que o foi moldando desde sua aprovação no Senado e depois na comissão mista, criada para desbloquear a lei que havia caído por uma moção de repúdio.
A ideia do texto inicial era facilitar as expulsões de estrangeiros que cometeram crimes e, ao mesmo tempo, facilitar a integração daqueles que contribuem para a sociedade. A direita, por sua vez, queria um texto que dissuadisse os estrangeiros que querem se estabelecer na França.
Um “texto imperfeito”
“Certamente um texto imperfeito, mas um texto que merece ser votado”, resumiu Gérald Darmanin, Ministro do interior da França
A esquerda, que há pouco comemorava com ares de triunfo a queda de uma versão do texto que era muito mais branda do que validada agora, foi a grande derrotada.
Na semana passada, antes de ver o projeto de lei do Governo aprovado, Gérald Darmanin enfrentou uma rejeição prévia por moção de repúdio, defendida pelo partido de extrema esquerda, La France insoumise (FI).
Após a aprovação do texto, a deputada FI, Mathilde Panot, falou em “ponto de inflexão” e chamou o projeto de lei de “violência insuportável para os princípios que temos em comum”. A comunista Elsa Faucillon falou em “texto da vergonha.”
A direita, por sua vez, saiu satisfeita, comemorando a aprovação de um texto que é, essencialmente, o dos republicanos: “Este texto é um verdadeiro ponto de viragem. Pela primeira vez em muito tempo, a França está a dotando-se dos meios para recuperar o controle da sua política migratória”proclamou Olivier Marleix, líder dos deputados LR (Les Républicains).
“O que propusemos porá fim à força migratória que fez do nosso país o modelo social mais generoso da Europa”, afirmou outro líder da direita, Éric Ciotti.
O partido de Marine Le Pen, Rassemblement Nacional (RN), reivindicou uma “vitória ideológica” pela aprovação do texto.
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