"Filosofia para a Palestina"? Habermas e Ferry discordam "Filosofia para a Palestina"? Habermas e Ferry discordam
O Antagonista

“Filosofia para a Palestina”? Habermas e Ferry discordam

avatar
Catarina Rochamonte
4 minutos de leitura 13.12.2023 17:12 comentários
Opinião

“Filosofia para a Palestina”? Habermas e Ferry discordam

Alguns ideólogos que se pretendem filósofos assinaram uma carta aberta, intitulada Philosophy for Palestine, na qual acusam Israel de genocídio e justificam o massacre cometido pelo Hamas.

avatar
Catarina Rochamonte
4 minutos de leitura 13.12.2023 17:12 comentários 0
“Filosofia para a Palestina”? Habermas e Ferry discordam
Reprodução/wikpédia

A filosofia, aurora do pensamento ocidental, tem sido sistematicamente encurralada nas suas louváveis pretensões de autonomia do pensamento para ser cada vez mais cooptada pela ideologia e pelas ideias nefastas que corrompem e desintegram a sociedade.

No atual estágio de desenvolvimento moral e jurídico da humanidade já deveria haver algumas balizas dentro das quais as ideias seriam discutidas com bom senso, boa fé e respeito a alguns imperativos morais inquestionáveis.

Infelizmente não é esse o caso. Enquanto alguns poucos filósofos conseguem trazer ao debate público ideias sensatas, pertinentes e corretas, a maioria se contenta com aventuras retóricas irresponsáveis nas quais o terror, o ódio e a barbárie são relativizados ou mesmo justificados em nome de ideais políticos.

É importante, pois, trazer ao conhecimento do público brasileiro as raras vozes que têm nadado contra a maré da indolência intelectual no ambiente acadêmico filosófico.

Se, por um lado, alguns ideólogos que se pretendem filósofos, assinaram uma carta aberta intitulada Philosophy for Palestine, na qual acusam Israel de genocídio e justificam o massacre do Hamas, por outro lado, o alemão Jürgen Habermas escreveu sua carta aberta Grundsätze der Solidarität. Eine Stellungnahme em condenação ao Hamas e em solidariedade a Israel e aos judeus.

Outro filósofo que entrou corajosamente no debate público, desde o início da guerra Israel-Hamas, é o ex-ministro de Educação da França, Luc Ferry.

Nem Habermas nem Ferry são considerados pensadores de direita. Ambos, porém, distanciam-se do fanatismo da esquerda anti-Israel que radicaliza o ambiente universitário com teses que fazem convergir decolonialismo, antissionismo, antissemitismo e wokismo em um mosaico de ódio e ressentimento contra tudo o que é ocidental, judaico e cristão.

Já comentamos aqui o artigo de Ferry intitulado “judeofobia, compreendendo a nova situação”, no qual o filósofo expõe o ódio ao “ocidente colonizador” como um sentimento catalisador capaz unir a militância de extrema esquerda apologeta do Hamas.

Em novo artigo, publicado também no jornal Le Figaro, Ferry defende que as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro devem ser consideradas crimes contra a humanidade.

Segundo ele, essa classificação importa ainda mais “porque alguns, cegos pelo velho antissemitismo da extrema esquerda, querem vê-lo como um movimento que ostenta o prestigiado selo da Resistência!”

O filósofo explica que, para além dos debates que ocupam os juristas quanto à definição deste tipo de crime, “fica claro que os abusos cometidos pelo Hamas contra civis foram de fato perpetrados com uma lógica de extermínio visando toda uma comunidade.”

“Quer tenham sido assassinatos, violações ou torturas diversas, as pessoas raptadas, massacradas ou martirizadas estavam lá por quem eram ou deveriam ser, e não pelo que fizeram ou deveriam ter feito. Prova disso é o fato de até bebês, por definição inocentes, terem sido mortos como judeus, o que é suficiente para definir o crime contra a humanidade e, no final, incluí-los numa categoria mais ampla, o do genocídio”, completa o filósofo francês.

Enquanto a tal carta Philosophy for Palestine insiste na retórica hipócrita de que Israel está cometendo um genocídio em Gaza (retórica, aliás, já criticada na carta aberta de Habermas como “perda completa de parâmetros”), Ferry expõe a obviedade negligenciada pelos ideólogos de extrema esquerda: as atrocidades cometidas pelos Hamas é que “foram levadas a cabo numa lógica claramente genocida”.

Uma curiosidade sobre a carta dos ideólogos assinada por professores de filosofia na América do Norte, na América Latina e na Europa é que, entre as 207 assinaturas, constam as assinaturas de 8 brasileiros, cinco dos quais são cearenses, professores da Faculdade de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Antissemitismo institucional parece não ser mais privilégio da Universidade da Pensilvânia (Penn), de Harvard, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e congêneres. Pelo que se vê, já há muitas sucursais do tipo pelo Brasil, uma das quais se destaca no nordeste do Brasil.

Ps. Eu me formei em Filosofia na UECE e lecionei lá durante dois anos até sofrer pesado assédio moral e perseguição ideológica por parte dos mesmos professores que hoje assinam a referida carta. O caso resultou em processos criminais e trabalhistas ainda em curso.

Esportes

Cássio e Corinthians negociam rescisão de contrato

15.05.2024 14:00 2 minutos de leitura
Visualizar

Defesa Civil do RS atualiza lista com nomes de mortos em enchentes; confira

Visualizar

Conselho aprova saída de Jean Paul Prates e mais dois executivos da Petrobras

Visualizar

Condenados pelo 8 de janeiro fogem do país

Visualizar

O "desafio zero" de Magda Chambriard

Carlos Graieb Visualizar

Chuvas no RS: Veja atualizações sobre os níveis dos rios

Visualizar

Tags relacionadas

filosofia Hamas Israel Jürgen Habermas Luc Ferry Palestina
< Notícia Anterior

Vereador denuncia Boulos à PGR por prática de rachadinha

13.12.2023 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Adriana Ventura sobre Ranking dos Políticos: “Iniciativa fantástica que beneficia a sociedade brasileira”

13.12.2023 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Catarina Rochamonte

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Um chamado para nos arrancar da lama

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Um chamado para nos arrancar da lama

10.05.2024 14:18 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Rapper iraniano condenado à morte por música em defesa das mulheres. Cadê o protesto dos artistas?

Rapper iraniano condenado à morte por música em defesa das mulheres. Cadê o protesto dos artistas?

Madeleine Lacsko
03.05.2024 20:52 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: A intifada universitária não salva crianças em Gaza

Jerônimo Teixeira na Crusoé: A intifada universitária não salva crianças em Gaza

03.05.2024 15:49 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Lula complica Boulos e mete o TSE numa saia justíssima

Lula complica Boulos e mete o TSE numa saia justíssima

Madeleine Lacsko
02.05.2024 21:15 4 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.