Aliança Lula-Bolsonaro nas eleições municipais será bem digerida pelas militâncias
Lulistas e bolsonaristas estarão juntos em pelo menos 5 palanques de capitais nas eleições municipais. A julgar pelo que Lula fala de Bolsonaro e vice-versa, cabe perguntar...
Lulistas e bolsonaristas estarão juntos em pelo menos 5 palanques de capitais nas eleições municipais. A julgar pelo que Lula fala de Bolsonaro e vice-versa, cabe perguntar se as militâncias vão aceitar isso. Aposto que não só aceitam como arrumam sozinhas as desculpas, eles nem precisam se incomodar.
A notícia das alianças foi dada pela Folha de S. Paulo nesta segunda. São Paulo, Salvador, Florianópolis, Porto Alegre e João Pessoa já têm esses arranjos. É algo curioso porque Lula e Alckmin sobem em palanques diferentes em pelo menos 8 eleições de capitais.
Em Porto Alegre, por exemplo, o prefeito Sebastião Melo é declaradamente bolsonarista. Continua, no entanto, no MDB, partido que faz parte da base de Lula. É o mesmo, por exemplo, da ministra Simone Tebet.
Em João Pessoa, o candidato à reeleição João Henrique Caldas é filiado ao PL de Bolsonaro. O vice será indicado pelo ministro de Lula André Fufuca.
São Paulo tem uma situação curiosa. Bolsonaro quase indicou Ricardo Salles como candidato. Agora, o prefeito Ricardo Nunes busca apoio do ex-presidente para se contrapor à candidatura de Guilherme Boulos, apoiado por Lula. Ele é do MDB, partido do governo. Geraldo Alckmin está em outro palanque, de Tabata Amaral, do PSB.
Ambas as militâncias já têm respostas prontas para justificar a aproximação curiosa. Um prega a luta incessante contra a extrema-direita. O outro diz que a esquerda é inimiga da humanidade. Não importa, para as militâncias eles estão sempre certos.
O bolsonarismo explica que as alianças são feitas porque o centrão não quer ser maculado pela marca da esquerda. Buscam se alinhar à direita, o que seria bom sinal.
O lulismo explica que não haverá adesão a palanques bolsonaristas, isso é um movimento do centrão, necessário para ter governabilidade.
São militâncias que creditam todos os males do Brasil a quem não votou no candidato delas. Perseguem de maneira implacável aqueles que não se alinham a esse jogo. É o prato perfeito.
A essa equação se adiciona a decisão do STF sobre imprensa. O impacto nas mídias regionais pode ser bem maior que o visto nas mídias nacionais, que têm apoio jurídico consolidado.
Ainda não sabemos como serão as alianças nos municípios, mas sabemos que o escrutínio da imprensa será comprometido pela autocensura. Suponha que um político minta num debate ou mesmo nessas entrevistas de candidatos. Se um juiz decidir depois que havia indícios de falsidade em qualquer afirmação, o veículo e os jornalistas respondem. É um risco que muitos não irão correr.
A cobertura tende a ser mais branda, muitas vezes protocolar. Talvez se arrisquem apenas as emissoras e veículos locais ligados a um grupo político com interesse na eleição. Isso facilita alianças que seriam questionadas de forma mais dura.
Um político pode passar o tempo todo se posicionando de forma estridente sobre temas nacionais e estar no mesmo palanque daqueles que execra. Haverá notícias sobre isso, mas questionamentos mais fortes causarão um receio de consequências futuras.
Num cenário em que as militâncias fanáticas jamais questionam e ainda perseguem os que questionam, estamos diante de um prato cheio para o populismo nacional.
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