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Lula e as mulheres – quando a pauta woke entra, a diversidade some

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 29.11.2023 18:18 comentários
Narrativas Antagonista

Lula e as mulheres – quando a pauta woke entra, a diversidade some

Lula é o primeiro presidente brasileiro a substituir uma mulher por um homem no STF. Muita gente tem me dito que não esperava dele esse tipo de retrocesso da presença feminina...

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Lula e as mulheres – quando a pauta woke entra, a diversidade some
Arte: O Antagonista

Lula é o primeiro presidente brasileiro a substituir uma mulher por um homem no STF. Muita gente tem me dito que não esperava dele esse tipo de retrocesso da presença feminina em posições de poder. Eu discordo. Não seria possível esperar nada diferente de alguém que fez aquele simulacro de inclusão ao subir a rampa do Planalto. Aliás, eu disse isso na época.

A cerimônia, segundo informações do próprio governo, foi idealizada por dona Janja, nossa primeira-dama. Diante da ausência de Jair Bolsonaro para passar a faixa, era necessária uma solução. Ela foi encontrada na chamada pauta woke, uma espécie de seita da sinalização de virtude e cancelamento importada dos Estados Unidos.

Influencers que supostamente representariam minorias foram usados como se fossem objetos cênicos na entrada triunfal de Lula no Palácio do Planalto. Até a cachorra Resistência compôs a imagem, que deu capa no New York Times. Foi algo comemorado de forma efusiva pelos Che Guevaras de apartamento, essa elite progressista que adora fazer cosplay de MST.

Que fique a lição: quem promove espetáculos do tipo jamais promoverá inclusão ou diversidade. A pauta woke não funciona para inclusão, ela utiliza um vocabulário simulando lutar por inclusão. Na verdade, a luta é para parecer um lutador e, assim sinalizar virtude para o próprio grupo.

A chave para não cair nos jogos de cena é observar as ações que realmente importam para mudar a realidade das pessoas. Subir a rampa usando influencers como peças de decoração pode até ajudar um pouco na vida desses influencers, mas não muda a vida das minorias. Aliás, ajuda mesmo é na imagem do presidente e da primeira-dama dentro do círculo progressista.

Houve outras atitudes pelo meio do caminho. A mais significativa é a forma como Marina Silva aderiu à candidatura de Lula no primeiro turno. Não houve nenhum desagravo ou pedido de desculpas do presidente pelo assassinato de reputação cometido pelo PT quando ela era candidata.

Aliás, houve até um esculacho antes. No evento de adesão da Rede à candidatura, em que Marina não estava, Lula disse estranhar a ausência da mulher. E emendou o seguinte: “Minha relação com ela é muito antiga, é muito grande. Não sei porque, às vezes, ela demonstra momentos de raiva”.

Ainda bem que não foi o Bolsonaro quem disse isso, senão daria um trabalho danado para as feministas. Imagina ter de explicar em textão nas redes o que é gaslighting e o clichê misógino de tirar mulher de louca. Como foi o Lula, é inclusão. Aliás, teve quem elogiasse Marina por quebrar a regra de ouro da dignidade nas relações: esculacho em público se corrige com desculpas também em público.

Depois disso, quando eleito, Lula colocou todas as mulheres fortes de sua chapa em condições ridículas. Disse a Gleisi Hoffmann que não assumiria um ministério porque não queria tirar ninguém do Senado, mas deu ministérios a senadores homens.

Não nomeou Marina Silva imediatamente para o Meio Ambiente. Ainda foi feito um joguinho machista baixo, apelando à fantasia de catfight. Vazaram para a imprensa que Simone Tebet e ela estariam disputando a vaga. Resolvido esse caso, foi a vez de esculachar Simone Tebet. Vazaram que não decidia o que queria, que talvez ficasse de fora do ministério.

E quem era a grande empoderada? Janja, a primeira-dama. Quem diz às mulheres que o poder emana do marido não pretende respeitar mulheres no poder.

Depois tivemos a demissão da presidente da Caixa Econômica, a saída de Daniela do Waguinho e da ex-ministra Ana Moser. Todas elas substituídas por homens. A única candidata à PGR sequer foi recebida por Lula, que indicou um homem. Agora, pela primeira vez reduz a diversidade no STF.

A lacração não contrasta com as atitudes de Lula, ela serve justamente para encobrir ações desse tipo. As ações com influencers para simular inclusão e a perseguição aos apontados como preconceituosos são eventos que chamam a atenção do público. 

A intenção é que as pessoas discutam isso e esqueçam de olhar as ações.

Há um momento em que a realidade se impõe. Uma pena que tantos tenham se deixado enganar. Políticos, empresas, influencers e instituições abusam desse teatro. Já passou da hora de aprender que onde entra a pauta woke acaba a inclusão.

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