Denúncia de rachadinha é só o começo dos problemas de Janones
André Janones atravessa um inferno astral com sucessivas gravações feitas pelo seu próprio pessoal, gente de sua...
André Janones atravessa um inferno astral com sucessivas gravações feitas pelo seu próprio pessoal, gente de sua confiança. A última é de diálogos suspeitíssimos sobre dinheiro, que detonaram notícias-crime e investigações.
O deputado foi às redes dizer que é tudo intriga da extrema-direita e pedir que seus soldados digitais o defendam, ou seja, atormentem quem tocar no assunto. Esse comportamento é o pior problema de André Janones, mais até do que uma eventual confirmação de rachadinha.
Vemos muita gente dizer que é contra corrupção e fica horrorizada com rachadinha. É papo para inglês ver. A maioria só fica brava mesmo é com a rachadinha do outro, a do seu grupo sempre tem uma ótima desculpa.
André Janones foi aguerrido na coleta de assinaturas da CPI que investigaria a rachadinha de Flavio Bolsonaro. Fazia postagens muito indignadas. Na época, os bolsonaristas começaram dizendo que era tudo intriga da oposição e terminaram falando que não era problema a rachadinha porque todo mundo faz. São os mesmos que agora apontam o dedo para Janones.
Os petistas que martelaram durante anos os escândalos das rachadinhas na família Bolsonaro agora aceitam explicações um tanto quanto acrobáticas. Seria apenas a fala de algo que não ocorreu, ninguém ali estaria falando de rachadinha, era só um pedido e não uma ordem, tudo não passa de armação da extrema-direita.
Com os apoiadores dele vai colar, da mesma forma que qualquer explicação de antemão colou com os bolsonaristas. Não importa para esses grupos fanáticos a realidade, ela é apenas um incômodo. Não querem saber se há apuração nem qual o resultado. Aceitam simplesmente que seu lado está sempre certo e o outro está sempre errado.
Aqui falamos da atuação dos grupos mais agressivos da polarização política. André Janones confessou recentemente em seu livro que fez fake news para ajudar na eleição do presidente Lula.
A atuação dele nas redes sociais, apelidada de Janonismo cultural, é basicamente uma cópia da atuação de Carlos Bolsonaro, que vem a ser uma cópia de baixo calão da atuação dos MAVs petistas. A Militância em Ambientes Virtuais, criada em 2010, foi a precursora do patrulhamento de jornalistas no ambiente digital.
Janones leva esse patrulhamento ao nível mais baixo e mais violento. Usa invariavelmente um vocabulário muito emotivo, energético, moralista e coalhado de palavras de baixo calão. Não debate assuntos, mira nos interlocutores e difama sempre com um palavreado de bordel de beira de estrada.
Vivemos a economia da atenção. Essa forma de agir chama a atenção e tem sido o caminho do poder político nos mais variados espectros ideológicos. Estamos diante de um alerta para a sustentabilidade dessa prática.
Quando você constrói sua escada usando a cabeça dos outros, é capaz de ter problemas no caminho. Quem vive na lógica de atacar indiscriminadamente para fazer sucesso também cria inimigos pelo caminho. É disso que falamos aqui, não de briga da extrema-direita.
André Janones fez dentro de casa um número de inimigos que não sabemos estimar. São aqueles mais próximos dele que estão vazando áudios comprometedores para a imprensa. Existe um erro fundamental que o deputado cometeu ao imitar o bolsonarismo para ajudar Lula: ele não tem uma família há décadas na vida pública nem é filho do presidente.
Jair Bolsonaro foi obrigado a lidar com os efeitos colaterais da política de ataque e assédio a jornalistas, moderados e aliados que questionassem. Quem promovia os linchamentos virtuais era a turma dos filhos dele. Então, a máquina foi posta a serviço da contenção de danos.
No caso de Janones, a coisa é bem diferente. Ele não é filho de Lula e, nessa altura do campeonato, tem potencial de trazer mais ônus do que bônus para o governo.
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