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As vítimas do Hamas e o negacionismo feminista

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Catarina Rochamonte
7 minutos de leitura 18.11.2023 15:13 comentários
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As vítimas do Hamas e o negacionismo feminista

Samantha Pearson, diretora do Centro de Violência Sexual da Universidade de Alberta, Canadá, foi uma das signatárias de uma carta aberta que nega que mulheres tenham sido estupradas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro.

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As vítimas do Hamas e o negacionismo feminista
Foto: Divulgação/X

Samantha Pearson, diretora do Centro de Violência Sexual da Universidade de Alberta, Canadá, foi uma das signatárias de uma carta aberta que nega que mulheres tenham sido estupradas durante o ataque do Hamas, em 7 de outubro.

A carta foi escrita por duas políticas locais, Sarah Jama, membro do parlamento de Ontário, e Susan Kim, vereadora em Victoria. “Nós, os abaixo assinados, residentes no Canadá, instamos os líderes políticos canadenses a acabarem com a sua cumplicidade nos massacres e genocídios em curso em Gaza, na Palestina Ocupada”, escreveram.

A carta pede o afastamento dos deputados e do primeiro-ministro, Justin Trudeau, por ter se recusado a exigir um “cessar-fogo“. Os signatários criticam ainda o líder da oposição por ter “repetido a acusação não verificada de que os palestinos eram culpados de violência sexual”.

O que chamam escandalosamente de “acusação não verificada” foi filmado, fotografado e testemunhado e os relatos emergiram com mais detalhes agora, devido ao anúncio feito pela polícia israelense, em 14 de novembro, de que foi aberta uma investigação especificamente sobre os casos de violação e mutilação sexual cometidos contra meninas e mulheres durante o ataque.

A revista francesa Marie Claire publicou, em 17 de novembro, uma reportagem na qual traz alguns dos relatos aterradores das violações e mutilações sofridas por mulheres israelenses em 7 de outubro de 2023, durante o massacre perpetrado pelo grupo terrorista Hamas.

As histórias são perturbadoras e insuportáveis, mas diante do absurdo silêncio, quando não do explícito negacionismo de muitas organizações feministas, assim como do apoio explícito aos terroristas do Hamas, no Brasil e no mundo, por parte de determinados agrupamentos ideológicos, faz-se necessário expor o horror, a fim de que os que defendem o Hamas saibam exatamente o horror que estão defendendo.

Todos os casos mencionados na referida reportagem da Marie Claire são corroborados por fotos, vídeos ou testemunhas. Alguns deles tiveram mais divulgação e provavelmente você já deve ter visto nas redes sociais. O corpo de uma mulher seminua, rodeada por homens armados que cuspiam nela, foi uma das primeiras imagens a circular na internet. Foram os próprios terroristas que filmaram e transmitiram a cena.

O corpo deitado de bruços, na traseira de uma caminhonete que desfilava em Gaza, era o da Dj alemã Shani Louk, de 23 anos, raptada na festa Rave. Sua mãe, Ricarda Louk reconheceu a filha pelas tatuagens. Fez apelos na internet pelo seu retorno. Algum tempo depois, recebeu a notícia de que ela fora decapitada e que um fragmento do seu crânio fora descoberto e identificado através de uma amostra de DNA.

Ainda não se sabe tudo sobre o que aconteceu às mulheres que caíram nas mãos dos terroristas, mas o que se sabe já é suficiente para falar em feminicídio em massa. É o que defende a associação francesa Parole de Femmes, que criou uma petição no change.org nesse sentido: “Muitos civis morreram, mas as mulheres não foram mortas da mesma forma que os outros. A violência contra estas mulheres corresponde em todos os sentidos à definição de feminicídio, ou seja, assassinato de mulheres ou meninas devido ao seu sexo”.

A porta-voz do “Paroles de femmes”, Yaël Mellul, deplorou o que chamou de “silêncio ensurdecedor” das associações feministas e de direitos humanos. Outra voz indignada com esse silêncio foi a de Myrian Levais, cofundadora da Cheek Magazine, mídia online feminista:  “Aparentemente, as mulheres israelenses, que os agressores filmaram enquanto as violavam, torturavam, estripavam, queimavam vivas, essas mulheres não merecem que nos interessemos pela sua história”.

Com o andamento das investigações feitas pela polícia criminal israelense e divulgadas recentemente, vieram a público mais detalhes das atrocidades. O chefe da seção cibernética da unidade de polícia criminal sustenta que “nada foi feito ao acaso”.

Um sobrevivente do festival de música do Kibutz Reim, em frente a Gaza., identificado como “S.”, transmitiu seu depoimento por áudio, que foi posteriormente divulgado pelo DailyMail e pelo jornal israelense Haaretz. Ele descreve que viu uma mulher “com longos cabelos castanhos” que estavam sendo “puxados” por vários membros do Hamas em uniformes militares e que ela ainda estava “viva”, “de pé”, e “sangrando pelas costas.”

O sobrevivente “S” também relatou que um dos agressores cortou os seios da vítima, os outros brincaram com eles. O último que a estuprou atirou em sua cabeça e continuou a abusar dela depois de executá-la. O relato foi corroborado por outro homem que, ouvido também pela polícia, descreveu o fato nos mesmos termos.

As autoridades israelenses ouviram também o testemunho dos voluntários que participaram da recuperação e identificação dos restos mortais das vítimas. As equipes que atuaram logo após o ataque mencionam a descoberta de numerosos corpos de mulheres nuas, com sinais de brutalidade e abuso.

Uma fotografia tirada no local da festa rave mostra uma mulher deitada de costas no chão, parte inferior do corpo nua, pernas afastadas. O corpo apresenta vestígios de queimaduras na cintura e nos membros. Outra mulher aparece em uma foto nua, com as pernas abertas e a calcinha abaixada.

No centro de identificação de corpos, em Israel, o Dr. Alon Oz disse ter visto “mulheres queimadas com as mãos e os pés algemados” e “baleadas em partes íntimas”. O responsável pela sala mortuária descreve “roupas íntimas cheias de sangue” de algumas mulheres soldados. No seu depoimento ele acrescenta: “outras pessoas da equipe viram pélvis e pernas partidas”.

Um paramédico das forças especiais israelenses afirmou que, ao entrar na casa de uma família no Kibutz Be’eri – onde mais de 10% da população foi massacrada em 7 de outubro – viu “duas meninas deitadas: uma na cama, outra no chão, no quarto. A adolescente de 14 ou 15 anos está deitada no chão de bruços, com as calças abaixadas e ela está seminua, com as pernas bem abertas e há restos de sêmen nas costas”, detalhou. “Alguém a executou logo após estuprá-la brutalmente, atirando em sua cabeça. Ela foi deixada lá em uma pilha de sangue.”

Hila Fakliro, que trabalhava no festival de música eletrônica por ocasião do atentado, contou ter assistido a um vídeo publicado pelo Hamas no qual eles estupram uma de suas amigas: “E então eles a mataram e levaram seu corpo para Gaza. Ela nem estava viva quando a sequestraram.”

A reportagem acrescenta que, segundo a polícia, um dos obstáculos para as investigações é que das 1.200 vítimas registradas, centenas de corpos encontravam-se em estado muito degradado e muitos deles não foram devidamente fotografados devido ao caos que se seguiu ao ataque e à urgência de identificar os cadáveres. Além disso, há sobreviventes que estão muito traumatizadas e não querem mais falar.

Uma das sobreviventes, Yaël Mellul, quis dar seu testemunho e disse o seguinte à polícia israelense: “Fui estuprada. O Hamas me estuprou na frente do meu namorado. Um deles encostou uma faca na minha garganta, o outro me segurou por trás. O pesadelo durou horas. Eram 25 monstros.”

A reportagem segue com mais relatos, mas esses já deveriam ser o bastante para sensibilizar as feministas negacionistas.

Um motivo a mais para que os movimentos de luta pelos direitos das mulheres reconsiderem a absurda omissão ou cumplicidade em torno desse assunto é o fato de haver, entre os 239 reféns do Hamas, cerca de 80 mulheres que devem estar, nesse exato momento, sendo vítimas de barbaridades como as que já foram relatadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

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