O escândalo do Hospital Padre Zé, na Paraíba
O Hospital Padre Zé, mais importante instituição de caridade da Paraíba, vem sendo engolido por um escândalo de corrupção que se arrasta sem previsão de...
O Hospital Padre Zé, mais importante instituição de caridade da Paraíba, vem sendo engolido por um escândalo de corrupção que se arrasta sem previsão de desfecho pelas autoridades judiciárias e policiais.
A Operação Indignus, deflagrada pela Polícia Federal em 5 de outubro, a pedido do Ministério Público da Paraíba, levantou um volume tão comprometedor de indícios que o MPPB pediu à Justiça a prisão, entre outros, do principal denunciado, o padre Egídio, que presidia a instituição durante o período das fraudes apontadas.
O padre Egídio continua solto, enquanto seu sucessor, padre George Batista, é alvo de insinuações.
Confrontado com a afirmação de que a Fundação Padre Pio, dirigida por ele, teria recebido 200 mil reais do Hospital Padre Zé, dinheiro proveniente de emenda parlamentar de 2018 do então senador José Maranhão (MDB-PB), o padre George reagiu, em 8 de novembro, com nota explicativa, na qual afirma que à sua Fundação foi repassado apenas “o valor de R$ 20 mil, não se sabendo o destino dado aos R$ 180 mil restantes e nunca repassados”.
Ainda que livre da cadeia, o Padre Egídio não tem conseguido fugir das críticas da mídia local, cujo tom de denúncia vai da indignação ao deboche. Ao tratar, no dia 9, da questão do repasse — ou não repasse — dos 200 mil reais, o jornalista Helder Moura, por exemplo, comentou:
“Não bastassem fogões de R$ 80 mil, criação de cães de grife, a compra de 12 imóveis de luxo, uma granja milionária para deleite nada celestial, o desvio de um empréstimo de R$ 13 milhões, agora mais uma: o sumiço de uma emenda de R$ 200 mil destinada pelo ex-senador Zé Maranhão, no orçamento de 2018.”
A indignação com a corrupção escancarada desencoraja a disposição dos paraibanos para a caridade que sempre supriu as necessidades do hospital, fundado e mantido pela obstinação do Padre Zé. Lá pela década de 1960, ele, levado em uma cadeira de rodas, batia com a bengala e estendia a mão (como bem foi retratado no filme “Padre Zé estende a mão”, de Jurandy Moura), pedindo esmolas para acudir os pobres do seu instituto.
O Hospital Padre Zé recebe dinheiro de emendas parlamentares e outras verbas dos poderes públicos, mas nunca pôde prescindir da filantropia e das pequenas doações de milhares de pessoas humildes. Para que essa devoção não seja devorada pela descrença, urge um desfecho para o escândalo, com revelação de toda a verdade e a punição dos culpados
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