Crusoé: “Ex-aliados de Macri, ‘radicales’ devem ajudar Massa”
Em comemoração dos 40 anos de democracia argentina, em evento em Buenos Aires ontem, 30 de outubro (foto)...
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Em comemoração dos 40 anos de democracia argentina, em evento em Buenos Aires ontem, 30 de outubro (foto), o presidente do tradicional partido argentino União Cívica Radical (UCR), Gerardo Morales, teceu duras críticas aos dois presidenciáveis que disputam o segundo turno em 19 de novembro.
Ele afirmou que o peronista e ministro da Economia, Sergio Massa, e o libertário Javier Milei são “as duas piores opções para a República Argentina”.
“Estamos em frente das duas piores opções para a República Argentina”, diz Gerardo Morales, líder da União Cívica Radical, sobre Sergio Massa e Javier Milei em evento de 40 anos da democracia argentina hoje (30). Vídeo: @CaioMattos___ https://t.co/yXeOKHOqct pic.twitter.com/xNd2ruA04G
— O Antagonista (@o_antagonista) October 31, 2023
A UCR é um partido centenário, associado à classe média e a pautas de defesa das instituições democráticas.
A legenda, que tem cinco governadores e mais de 400 prefeituras, anunciou na semana passada que não haverá orientação para o segundo turno.
Por outro lado, o cenário político e os bastidores indicam que esses ex-aliados do ex-presidente Mauricio Macri devem ajudar a Massa nesta reta final das eleições.
No primeiro turno, os radicales, como são chamados, apoiaram a apadrinhada de Macri, Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar e obteve cerca de 24% dos votos válidos, ou 6,2 milhões de votos.
O partido integra a coalizão política até então liderada pelo ex-presidente, Juntos por el Cambio, desde a fundação dela, em 2015, sob o nome Cambiemos, para a campanha presidencial vitoriosa de Macri.
Entretanto, após a derrota no primeiro turno, no domingo 22, a UCR foi escanteada por Macri e Bullrich. O partido não foi consultado sobre o apoio a Milei, declarado pela manhã da quarta passada, 25.
Em reação, horas depois, veio o anúncio da não orientação dos radicales por nenhum voto para o segundo turno. Morales afirmou em coletiva na ocasião que a atitude de Bullrich foi “intolerável” e “pôs em risco a continuidade de Juntos por el Cambio”.
Eles têm desentendimentos graves com Milei, que hoje é a figura central de aquilo que a UCR, fundada no século 19, encabeçou por muitas décadas: o antiperonismo — a perda de protagonismo do partido veio em 2001, após o desastroso governo do radical Fernando de La Rúa.
A culpa das desavenças entre UCR e Milei se deve, principalmente, pelos constantes ataques do libertário ao partido e ao seu legado na política argentina.
Milei os culpa pelo fim da ascensão econômica da Argentina do século 19. De fato, o momento coincide com a chegada dos radicales ao poder, na década de 1910, mas essa associação ignora o contexto — ele tem amenizado o belicismo contra a UCR no segundo turno mas sem muito sucesso.
Pela mesma lógica equivocada, o libertário também menospreza os dois presidentes radicales no atual período democrático, De La Rúa e Raúl Alfonsín, o primeiro presidente da redemocratização, em 1983.
Alfonsín é um ídolo para os radicales, comparável a Juan Domingo Perón para os peronistas. Milei já afirmou que Alfonsín teria sido “autoritário” e seu governo, “um dos piores da história”.
“É lamentável que uma pessoa que diga isso seja uma opção nas eleições presidenciais. Ele põe em dúvida o consenso sobre a democracia argentina”, diz Francisco Alfonsín a Crusoé. Ele é integrante da estrutura da UCR em Buenos Aires e neto do ex-presidente.
Um motivo a mais para raiva de Milei é…
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