Josias Teófilo na Crusoé: O cangaceiro e o sociólogo
Por muito tempo, Lampião (pernambucano de Serra Talhada) não pisou em Pernambuco. O motivo era a política, feita pelo...
Por muito tempo, Lampião (pernambucano de Serra Talhada) não pisou em Pernambuco. O motivo era a política, feita pelo governador Estácio Coimbra, instigada pelo sociólogo Gilberto Freyre. A ação governamental ia na fonte do problema do cangaço: atacava os coiteiros, aqueles que forneciam mantimentos aos cangaceiros. Freyre era chefe de gabinete do governador do estado de Pernambuco e teve de lidar diretamente com esse problema que afligia as regiões interioranas do Nordeste do Brasil.
Lampião, o rei do cangaço, além do banditismo, teve uma atuação cultural. Escreveu poemas que foram reproduzidos à exaustão, especialmente na literatura de cordel, compôs músicas, concebeu e costurou as próprias roupas e do seu bando, com um grau de sutileza e originalidade jamais vistos.
É por isso que o padre Frederico Bezerra Maciel, autor de uma biografia em sete volumes do cangaceiro, escreveu: “O ‘bandido’ em Virgulino era apenas um ‘acidente’. Sua indiscutível genialidade superaria tudo o mais!”.
Mais do que a atuação direta produzindo cultura, como sujeito inspirado que era (os estudos de Frederico Pernambucano de Mello – parente de Gilberto Freyre – mostram o refinamento que tinham as roupas do bando de Lampião), sua figura ensejou a produção artística como poucos. É incontável o número de livros, peças, filmes, figurinos, que inspirou. Ele está em filmes do Cinema Novo, em peças do Movimento Armorial – sendo a mais famosa delas O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. A ex-BBB Juliette, por exemplo, quando quis se caracterizar de nordestina, usou o chapéu de Lampião.
De alguma forma…
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