O patriotismo EAD, de patriotas que moram no exterior, é das coisas mais canalhas que existem em um país como o Brasil, que enfrenta problemas sérios com democracia e liberdade de expressão. É canalha porque quem está aqui acaba caindo na conversa de quem está fora, acreditando em promessas de mudança, em “vamos virar o jogo”, em “vai lá que eu vou depois”, enquanto o povo se lasca e os tais patriotas curtem a vida bem longe do risco.
Foi assim no 8 de Janeiro. Muita gente acreditou em político e em influencer de WhatsApp. Foram dormir em porta de quartel, entrar em confusão, quebrar coisa e hoje estão presos, com penas desproporcionais, num processo que desrespeitou o devido processo legal e ignorou todos os recursos que a justiça deveria oferecer. E os “líderes” que insuflaram essa turma? Estão soltos, lavando as mãos.
Eduardo Bolsonaro é o exemplo mais gritante disso. Sempre quis ir para os Estados Unidos, queria ser embaixador lá, vivia falando disso. A mulher dele está postando desde novembro a vida que levam lá, mostrando a casa, a rotina, os luxos. Agora ele foi para lá, diz que está sendo perseguido e que vai “lutar pela liberdade”. Vai lutar de lá, do conforto do exílio voluntário, licenciado do mandato mas sem abrir mão dele, claro. Quem se ferrou que fique. Quem acreditou que aguente.
E o argumento? Vão tirar o passaporte dele. Não sabe brincar, não desce pro play. Foi ele mesmo que disse em 2018 que “com um cabo e um soldado” fechava o STF. Que era só querer. Um monte de gente acreditou nessa bravata. Foi atrás, se ferrou. Ele, não. Está com a vida ganha, nasceu com o sobrenome certo, paga suas despesas no exterior, está de boa. E ainda vai ter quem acredite que ele está lutando por todos.
O que fazem com ele por aqui é certo? Claro que não. Está sendo evidentemente perseguido. Mas a injustiça que ele sofre não apaga as atitudes que teve. Isso de pedir asilo não tem justificativa. Quem tentou pedir asilo e não tinha poder foi preso e deportado semana passada. Ele, poderoso, tem as costas quentes. Farinha pouca, meu pirão primeiro.
O brasileiro precisa aprender. É o mesmo padrão do Jean Wyllys, que foi zoado por fugir do Brasil e virar deputado à distância. Agora Eduardo faz igual. A sorte dele é que o PT é bem autoritário e pode tornar a narrativa uma verdade. Já falam em pedir a suspensão do passaporte dele. Caso os petistas consigam, o deputado passa a ter razão. Provavelmente vai ganhar o asilo se tentarem tirar o passaporte dele, como já aconteceu com outros que foram para os EUA.
Mas a lição que fica é simples: enquanto houver otário, malandro não morre de fome. Quer ser otário? Pode. É um direito. Só não reclame se rirem de você por ainda acreditar em bravata de político brasileiro.